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Como as produtoras independentes Neon e A24 estão dominando o Oscar

Entenda como as empresas por trás de "Anora", "Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo" e "Parasita" estão mudando o mercado cinematográfico.

Por Eduardo Lima
5 mar 2025, 18h00

A premiação do Oscar de 2025 foi inédita – e não só por causa da primeira estatueta do Brasil, com o filme Ainda Estou Aqui. Os principais prêmios da noite – Melhor Filme, Diretor, Ator e Atriz – foram para filmes com financiamento independente, algo que também se repetiu nas categorias de Melhor Animação e Melhor Documentário.

Um filme independente é qualquer produção feita por fora do sistema de grandes estúdios de cinema de Hollywood, grandes conglomerados de mídia que incluem a Warner Bros. e a Disney. As produtoras gigantes costumavam dominar o Oscar, premiação que tradicionalmente homenageia a nata de Hollywood.

Anora, que venceu melhor filme, é um ótimo exemplo de filme independente: a dramédia teve um orçamento pequeno para padrões hollywoodianos, de US$ 6 milhões (R$ 35 milhões). Os responsáveis por arrecadar esse dinheiro, sem grandes estúdios como investidores, foram o diretor Sean Baker (a primeira pessoa a ganhar quatro Oscars pelo mesmo filme num mesmo ano), sua esposa Samantha Quan e o produtor Alex Coco.

Na 97ª cerimônia do Oscar, os grandes vencedores não foram financiados e distribuídos pelas empresas que dominam Hollywood, mas conquistaram a glória cinematográfica com orçamentos pequenos e o apoio de duas empresas especializadas em cinema independente que estão dominando a premiação nos últimos cinco anos: A24 e Neon.

A Neon cuidou da distribuição norte-americana de Anora, que levou cinco Oscars, enquanto a A24 distribuiu O Brutalista nos Estados Unidos, que ganhou três estatuetas. A distribuição de um filme envolve levá-lo até as salas de cinema e cuidar do marketing das campanhas de premiação. Entenda como essas empresas independentes estão dominando o Oscar e mudando a ideia do que é um filme vencedor de prêmios.

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Menos Hollywood, mais internacional (e esquisito)

O Oscar de 2020 foi histórico: logo antes da pandemia, o filme sul-coreano Parasita conquistou quatro prêmios e se tornou o primeiro longa não falado em inglês a ganhar a principal categoria da noite, Melhor Filme. Parasita já tinha ganhado a Palma de Ouro no Festival de Cannes, a maior honra do evento francês – o mesmíssimo caminho que Anora percorreu para ganhar o Oscar. As coincidências entre os filmes não param por aí: ambos foram distribuídos pela Neon.

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A Neon é uma empresa de produção e distribuição cinematográfica independente, que opera nos Estados Unidos desde 2017. Ela se especializa em distribuir filmes independentes e internacionais, e tem tido muito sucesso em apresentar o cinema mundial para o público norte-americano – especialmente os eleitores da Academia de Ciências e Artes Cinematográficas, que decidem o Oscar. Esse grupo está cada vez mais diverso, com vários participantes internacionais a partir de 2018.

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O primeiro Oscar de um filme distribuído pela Neon chegou já em 2018, quando Allison Janney venceu o prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante por seu papel em Eu, Tonya. Desde então, foram 36 indicações – várias delas na categoria de Melhor Filme Internacional – e 11 vitórias para filmes distribuídos pela empresa.

A distribuidora não está sozinha nessa nova era do Oscar: a A24 também está colecionando indicações e vitórias na premiação. Eles apostam na estratégia de financiar e distribuir filmes de diretores com ideias criativas, que talvez não teriam tanto espaço ou liberdade nos grandes estúdios.

É o caso de O Brutalista, que foi distribuído pela A24: o filme tem 3 horas e 35 minutos de duração. O diretor, Brady Corbet, passou toda a temporada de premiação falando da importância de dar aos diretores o direito de corte final de seus filmes. Isso normalmente não acontece em produções financiadas pelos grandes estúdios: os filmes passam por sessões de teste com a audiência e são editados para serem comercializados mais facilmente.

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A A24 foi fundada em 2012, e ganhou seus primeiros prêmios no Oscar em 2016. Filmes produzidos e distribuídos pela empresa já receberam 76 indicações e levaram 18 estatuetas para casa. Em 2023, ela fez história como o primeiro estúdio independente a ganhar Melhor Filme, Melhor Diretor e todas as categorias de atuação na mesma noite, com Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo. A empresa também produziu e distribuiu o vencedor do Oscar de Melhor Filme de 2017, Moonlight.

Produzir e distribuir filmes como Joias BrutasMidsommarLady Bird Vidas Passadas garantiu fãs não só para os longas e seus diretores, mas também para a A24: tem gente que usa boné com o logo da produtora e vai para o cinema sem saber nada sobre o filme, só confiando na curadoria da distribuidora. A liberdade artística e a aposta em vozes novas – e muitas vezes esquisitas – está dando certo.

A popularidade desses filmes independentes – tanto no Oscar quanto com o público – evidenciam como o mercado cinematográfico está mudando nos últimos anos. Os grandes estúdios passaram as últimas décadas investindo em grandes franquias e filmes baseados em propriedades intelectuais consolidadas, sem muito espaço para histórias originais.

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Faz sentido, então, que as novidades cinematográficas mais interessantes venham do mercado internacional e de pequenas produtoras independentes, menos preocupadas com infinitas sequências e remakes de filmes já conhecidos pelo público. O Oscar, conhecido como a maior noite de Hollywood, está cada vez menos hollywoodiano.

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