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Cirurgiões fizeram transplante de pulmão de porco para pessoa com morte cerebral

O xenotransplante aconteceu na China, e o pulmão de porco funcionou por nove dias, mas com algumas complicações que precisam ser resolvidas em estudos futuros.

Por Eduardo Lima
26 ago 2025, 19h00

Cirurgiões chineses fizeram o transplante de um pulmão de porco geneticamente modificado para uma pessoa que passou com morte cerebral. Foi a primeira tentativa de um xenotransplante de um pulmão suíno para um ser humano, e o órgão funcionou no corpo do recipiente por nove dias.

Esse transplante de pulmão é mais um numa série de estudos em xenotransplantes, operações que transferem tecidos ou órgãos de uma espécie para recipientes de outra. O “xeno” do nome vem da palavra grega para “estrangeiro”, e a cirurgia é uma tentativa complexa de hospitalidade biológica: os cirurgiões tentam fazer o órgão estranho se adaptar ao novo corpo e vice-versa.

O primeiro xenotransplante de pulmão foi descrito num artigo publicado na Nature Medicine pelos pesquisadores do Primeiro Hospital Afiliado da Universidade de Medicina de Cantão, na China.

A cirurgia foi feita com o pulmão de um porco da espécie chinesa Bama Xiang, com seis modificações genéticas para possibilitar a adaptação, e o recipiente foi um homem de 39 anos que teve morte cerebral declarada depois de uma hemorragia encefálica.

A morte cerebral é a parada completa das funções do cérebro, sem possibilidade de reversão. O corpo ainda pode continuar com algumas funções operantes, como a respiração auxiliada por aparelhos, mas a pessoa está morta do ponto de vista médico e legal. Vários testes de xenotransplantes são feitos com pessoas que tiveram morte encefálica, para avaliar se o órgão estranho se adaptaria a um corpo humano.

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Problemas com o xenotransplante

O pulmão de porco permaneceu funcional no corpo humano por um período de 216 horas (nove dias completos), e o recipiente não apresentou rejeição hiperaguda ao órgão ou sinais de infecções. Mas nem tudo são flores: o pulmão suíno começou a apresentar problemas um dia depois do transplante.

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Só 24 horas depois da cirurgia, o pulmão modificado começou a apresentar danos de inflamação, provavelmente relacionada ao transplante. O corpo do recipiente começou a inchar por acúmulo de fluidos nos tecidos, provavelmente por causa de um problema na circulação sanguínea, assistida pelos pulmões.

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Apesar do uso de imunossupressores, remédios que diminuem a atividade do sistema imunológico, o corpo do recipiente atacou o órgão com anticorpos, o que só piorou o dano ao pulmão com o correr dos dias.

Houve alguns sinais de melhora, mas os médicos perceberam que o corpo do homem estava começando a rejeitar o órgão, e a família do recipiente pediu para encerrar o estudo.

O recipiente ainda tinha um dos pulmões, que provavelmente compensou pelos problemas com o órgão suíno transplantado. O estudo mostra que o transplante pode ser feito, mas os pesquisadores reconhecem que a abordagem precisa ser refinada para que o xenotransplante de pulmão venha a ser uma intervenção cirúrgica viável no futuro. Novos experimentos precisam pensar em estratégias diferentes para garantir a preservação do órgão.

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Nos últimos anos, corações, fígados e rins de porcos foram transplantados para humanos. Na Super, nós até fizemos uma matéria de capa sobre o assunto. As pesquisas com xenotransplantes têm crescido como uma tentativa de resolver a crise de oferta de órgãos para transplantes.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), só cerca de 10% da demanda global para essas cirurgias é atendida. É uma melhora de 52% em comparação com 15 anos atrás, mas ainda assim está bem distante do ideal. Só no Brasil, 78 mil pessoas estão na fila de espera para doação de órgãos.

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