Como é feito o leite longa vida?
Esse produto precisa de um ambiente quase hospitalar para ser fabricado
Para começar, as pessoas que participam da linha de produção usam luvas, jalecos e máscaras e os equipamentos são esterilizados – ou seja, submetidos a um tratamento à base de água quente e produtos químicos, que apaga qualquer presença de microorganismos.
Além disso, as salas onde esse tipo de leite é feito são isoladas, para evitar contaminação. Tudo isso serve como preparativo para evitar que bactérias intrusas coloquem por água abaixo a parte mais importante do trabalho: a esterilização do leite. É por causa dela, aliás, que o longa vida é conhecido como “leite UHT” – a sigla significa ultra high temperature (“temperatura ultra-alta”, em inglês). O nome se justifica: na linha de montagem, o leite escorre por chapas de metal superaquecidas, alcançando 145 ºC durante dois segundos.
Parece pouco, mas é o suficiente para matar todas as bactérias – na verdade, quase todas. “Nenhum processo industrial funciona 100%. Por mais você esterilize, sempre sobra algum vestígio de bactéria, que acaba crescendo com o tempo”, diz o engenheiro Vinícius Ramos, vice-presidente da fábrica de laticínios Vigor.
Pode não ser um processo infalível, mas é o suficiente para o leite agüentar pelo menos quatro meses na prateleira, à temperatura ambiente, sem estragar. Já os leites comuns, aqueles que a gente compra na padaria, não resistem mais do que quatro, cinco dias – e isso na geladeira, que evita em parte a reprodução das bactérias apodrecedoras. Para os críticos, o único problema do longa vida é o gosto, já que a temperatura da esterilização danifica as proteínas e gorduras que dão sabor ao leite. Ninguém é perfeito…