Michel Temer é o atual presidente do Brasil. Situação essa que deve durar, pelo menos, até que o processo do impeachment seja finalizado com uma votação no senado – o que pode ocorrer em até 180 dias. Apesar de ser nosso novo presidente, e essa ser a primeira vez que Temer tem, de fato, chance de se consolidar como chefe do Executivo brasileiro, o poder está longe de ser uma novidade. Temer já assumiu os mais diversos cargos na política brasileira – incluindo o de presidente, quando ele substituiu não só Dilma, mas também Lula e Fernando Henrique Cardoso.
Temer é paulista, nasceu em Tietê (SP) no ano de 1940. Aos 16 se mudou para São Paulo capital, onde terminou o Ensino Médio e, em 1959, ingressou na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, parte da USP. Foi justamente nessa época que ele começou a se meter com política – nessa fase, em escala estudantil. Em 1963 chegou a ser indicado para assumir a presidência do Diretório Central dos Estudantes, mas abriu mão para não bater de frente com o então presidente da União Nacional dos Estudantes (que tinha um posicionamento de esquerda – oposto ao seu): José Serra – seu novo ministro das Relações Exteriores. Temer gosta de política, não de embate. Pelo menos não direto. Em uma entrevista para a Revista Piauí, em 2010, Temer contou que isso lhe rendeu apoio do político na câmara, anos mais tarde.
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Assim que se formou, começou a dar aulas de Direito na PUC. Virou parceiro de Franco Montoro, um de seus colegas de trabalho. “Frutificai e multiplicai-vos”, a religião apareceu para unir. Os dois se aproximaram e trabalharam juntos em teses sobre democracia cristã. Acabou que Montoro se tornou governador do Estado de São Paulo – e Temer pegou carona no sucesso do amigo. Ganhou um cargo dele: em 1982 (um ano após se filiar ao PMDB), tornou-se procurador-geral do estado. Dois anos depois, mudou de cargo, virou secretário de Segurança. Voltaria a exercer a mesma função dez anos depois, logo depois do massacre do Carandiru, a convite de Luiz Antônio Fleury Filho.
Depois que Montoro lhe deu um nome, as coisas já ficaram mais fáceis. Em 1986 tentou uma vaga na Câmara dos deputados. Quase não rolou, apesar de não conseguir os votos se elegeu como suplente, e participou da Constituinte de 1988. Foi ganhando força dentro do partido. Em 1995 virou o líder do PMDB na câmara, e, dois anos depois virava o presidente da Casa – contando com o apoio do então chefe do Executivo, Fernando Henrique Cardoso.
Temer não passou desapercebido durante seu mandato. Triplicou a verba de despesas dos parlamentares. Ganhou moral com seus colegas. Ficou ainda mais influente dentro da casa. Começou a se desentender com FHC, e criou um movimento que ficou conhecido como “Reage Câmara“, onde parlamentares clamavam por mais independência do Executivo. Coincidência com os tempos atuais, ou não, foi nessa época, que Temer virou presidente pela primeira vez: durante uma viagem do Presidente e seu vice, o PMDBista assumiu o controle do país por quatro dias.Em 1999 voltou a assumir a presidência da Câmara, quando vetou o impeachment de Fernando Henrique. Também assumiu o cargo em 2009 – dessa vez, com o apoio de Lula, também chegando a assumir a presidência quando ele e seu vice saíram do país.
Em 2010, virou vice-presidente de Dilma Rousseff, e os fatos já ficam mais recentes na memória. Primeiro mandato mais quieto. Segundo, mais porrada. Carta em Latim, áudio de 15 minutos no WhatsApp ensaiando discurso de posse, foto sorrindo com o resultado da votação na Câmara sobre o impeachment. Enfim, Presidente da República.
Em meio aos gritos de brasileiros contra a corrupção, Temer, ironicamente, também tem a ficha suja. Em 2009, foi citado 21 vezes em documentos da Operação Castelo de Areia – seu nome esteve associado a um montante de 345 mil dólares. Só que não deu em nada, o Supremo Tribunal de Justiça anulou a operação e ele nunca foi condenado por isso. Não para por aí. Temer foi condenado no último dia 5 por doar mais do que a lei permite para campanhas políticas. Ainda há espaço para recurso, mas, atualmente, se enquadra na lei dos ficha-suja e não pode concorrer a cargos públicos pelos próximos 8 anos. Há ainda processos no Tribunal Superior Eleitoral, que clamam irregularidades nas doações para a campanha de Dilma. Se comprovadas, a chapa é cassada, e aí nova revirovolta: Temer perde o mandato. O atual presidente da república também já teve o nome citado por delatores na Operação Lava Jato – não só ele, sete dos seus possíveis ministros também aparecem na operação da Polícia Federal.
Não dá para saber o que vem pela frente, mas o passado de Temer já está registrado – e como ele mesmo diz: “Verba volant, scripta manent” (As palavras voam, os escritos permanecem).
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