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Brasil no Oscar: relembre quais filmes já foram indicados à premiação

"Ainda Estou Aqui" é o primeiro filme totalmente brasileiro a ser indicado à principal categoria do Oscar. Confira quem já representou o país na premiação, desde a década de 1960.

Por Eduardo Lima
Atualizado em 23 jan 2025, 16h48 - Publicado em 23 jan 2025, 16h16

Dia de festa para o cinema brasileiro! Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles, foi indicado a três prêmios no 97º prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, o Oscar. O longa foi indicado a Melhor Filme Internacional e Fernanda Torres foi indicada ao prêmio de Melhor Atriz. Ainda Estou Aqui também garantiu um feito inédito para o cinema brasileiro, sendo indicado na categoria de Melhor Filme.

O Brasil nunca ganhou um Oscar, mas já teve representantes indicados algumas vezes. O mais perto que chegamos de ganhar foi quando Orfeu Negro venceu o Oscar de Melhor Filme Internacional em 1960. Esse filme foi gravado no Brasil, com atores brasileiros e falado em português (já fez mais que Emilia Pérez). Mas era uma produção francesa e italiana, e ganhou o prêmio representando a França.

Na categoria de Filme Internacional, o Brasil está quebrando uma seca de 26 anos desde a última indicação. Nos últimos tempos, alguns filmes com coprodução brasileira até levaram algumas estatuetas, como Me Chame Pelo Seu Nome (sim, o romance com Timothée Chalamet foi produzido pelo brasileiro Rodrigo Teixeira, que também atuou na produção de Ainda Estou Aqui) e Diários de Motocicleta (também dirigido por Walter Salles).

Confira alguns dos principais indicados da história do cinema brasileiro ao Oscar.

O Pagador de Promessas

Em 1963, o Brasil recebeu sua primeira indicação a Melhor Filme Internacional com O Pagador de Promessas, filme de 1962 escrito e dirigido por Anselmo Duarte. Baseado em uma peça de teatro de Dias Gomes, esse ainda é o único filme brasileiro a ganhar o maior prêmio do Festival de Cannes, a Palma de Ouro. O Brasil e os Estados Unidos são os únicos países do continente americano que já conquistaram os corações do júri do festival francês.

Esse também foi o primeiro filme da América do Sul a ser indicado à categoria de Melhor Filme Internacional (que até 2020 era chamada de Melhor Filme Estrangeiro). No ano em que o Brasil conquistou o mais importante festival de cinema da França, o país perdeu o Oscar para um filme francês: Les dimanches de Ville d’Avray, dirigido por Serge Bourguignon.

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O Beijo da Mulher-Aranha

Lançado em 1985, O Beijo da Mulher-Aranha é uma produção conjunta do Brasil com os Estados Unidos baseada num romance argentino. O filme foi dirigido pelo argentino naturalizado brasileiro Héctor Babenco e estrelado pelo estadunidense William Hurt, que ganhou o prêmio de Melhor Ator no Oscar de 1986 (e em Cannes, quando o filme estreou no festival).

O filme está cheio de atores brasileiros, como Sônia Braga e Fernando Torres, o pai da atriz indicada ao Oscar em 2025. Além do prêmio que Hurt ganhou, O Beijo da Mulher-Aranha foi indicado a Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Diretor e Melhor Filme.

O Quatrilho

Dirigido por Fábio Barreto, O Quatrilho foi o segundo filme brasileiro a ser indicado a Melhor Filme Internacional, em 1996, inaugurando uma onda de indicações brasileiras na década de 1990. O filme de 1995, baseado no romance de mesmo nome lançado em 1985, conta a história de dois casais que se mudam para a mesma casa e a dança das cadeiras romântica que surge disso.

O filme foi um trabalho de família: Lucy e Luiz Carlos Barreto, dois dos mais importantes produtores da história do cinema brasileiro e pais do diretor, gastaram US$ 30 mil (R$ 362 mil, com correção de inflação) do próprio bolso para levar o filme para festivais nos Estados Unidos e no Canadá, para que pudesse ser visto pelos votantes da Academia. História parecida com a de…

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O Que É Isso, Companheiro?

Baseado no livro homônimo de Fernando Gabeira, o filme de 1997 foi dirigido por Bruno Barreto, irmão de Fábio e filho de Lucy e Luiz Carlos. Como no caso anterior, os pais Barreto também produziram O Que É Isso, Companheiro?, que foi indicado ao prêmio de Melhor Filme Internacional. A história do sequestro do embaixador dos Estados Unidos por guerrilheiros no Brasil durante os anos de chumbo da ditadura contou com o ator estadunidense Alan Arkin interpretando o embaixador Charles Burke Elbrick.

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Essa foi a primeira vez que Fernanda Torres participou de um filme indicado ao Oscar. O Que É Isso, Companheiro? saiu de mãos abanando do Oscar de 1998, mas no ano seguinte o Brasil voltou para a premiação, com outra representante da família Torres: sua mãe.

Central do Brasil

Central do Brasil, assim como Ainda Estou Aqui, foi dirigido por Walter Salles. O filme foi lançado em 1998 e estrelado por Fernanda Montenegro. A atriz garantiu uma indicação até então inédita para o país (e para a América Latina): a de Melhor AtrizCentral do Brasil também foi indicado a Melhor Filme Estrangeiro no Oscar de 1999.

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O filme perdeu para o italiano A Vida É Bela. Fernanda Montenegro também perdeu para Gwyneth Paltrow, por sua atuação em Shakespeare Apaixonado (que também ganhou Melhor Filme na mesma noite, contrariando todas as apostas que confiavam na vitória de O Resgate do Soldado Ryan, dirigido por Steven Spielberg e estrelado por Tom Hanks).

A campanha por trás de Shakespeare Apaixonado foi coordenada por Harvey Weinstein – que anos depois foi denunciado e condenado por abusos sexuais – e é até hoje uma das mais controversas da história do Oscar. O produtor fez uma campanha intensa, aprendendo com o marketing político e tentando virar votos com sessões de cinema especiais e uma abordagem individual de propaganda. Desde então, o “jogo” das campanhas do Oscar seguiu mais ou menos a mesma estratégia.

Cidade de Deus

O filme dirigido por Fernando Meirelles e Kátia Lund continua sendo o maior indicado da história do cinema brasileiro: foram quatro indicações, incluindo Melhor Diretor, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Edição e Melhor Fotografia. E cadê o Melhor Filme Internacional?

Cidade de Deus é um filme de 2002, mas todas essas indicações aconteceram no Oscar de 2004. Isso aconteceu porque o filme foi completamente esnobado em 2003. Os membros da comissão que escolhia os indicados à categoria de Melhor Filme Estrangeiro não gostaram do longa, supostamente por causa de suas cenas violentas, e saíram da sala antes do fim da sessão. Isso abaixou a nota que ele precisava para garantir uma indicação.

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O filme foi lançado em 2003 nos Estados Unidos, e por isso garantiu as indicações no prêmio de 2004 – com uma campanha dirigida pela Miramax, empresa dos irmãos Bob e Harvey Weinstein. Houve um bafafá pelo filme ter ficado de fora da premiação de Melhor Filme Internacional, e no ano seguinte o Oscar mudou as regras de seleção da categoria, criando uma pré-lista de filmes para diversificar as escolhas.

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