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Rascunho do documento final da COP26 propõe meta anual para reduzir emissões

Hoje (10) foi apresentada a primeira versão do documento que sumariza a Convenção de Mudanças Climáticas da ONU. O texto ainda pede o fim gradual dos combustíveis fósseis

Por Reinaldo José Lopes
Atualizado em 10 nov 2021, 19h55 - Publicado em 10 nov 2021, 19h52

A COP26, conferência do clima das Nações Unidas que acontece em Glasgow, na Escócia, chega a seus dias decisivos com a divulgação do primeiro rascunho de um documento final, que deve sumarizar os acordos entre os países. A declaração pede uma revisão anual das ações de cada país contra a emergência climática, além do fim gradual do uso do carvão e dos subsídios para combustíveis fósseis.

As medidas seriam um caminho para tentar sanar a lacuna que existe hoje entre os compromissos de longo prazo das nações do mundo – mirando datas como 2030 e 2050 – e o que está sendo efetivamente feito de ano a ano.

A raiz do problema é como manter um aumento da temperatura média do planeta (em relação aos níveis anteriores à Revolução Industrial) em até 2 ºC – e, se possível, impedir que esse aumento ultrapasse 1,5ºC, considerado o limite mais seguro para evitar mudanças perigosas no clima da Terra.

De um lado, os compromissos de longo prazo anunciados por países como Brasil e Índia colocam o mundo nos trilhos para um aquecimento de “apenas” 1,8 ºC – ainda longe do ideal, mas não desesperador. Mas a grande dúvida é se esses compromissos continuarão sendo cumpridos.

No ritmo atual de controle de emissões, levando em conta as metas mais críveis e próximas, o aquecimento chegaria a 2,4 ºC, ultrapassando um limiar perigoso para o sistema climático, segundo a maioria dos pesquisadores. A questão é como garantir que, independentemente de mudanças políticas e econômicas, a redução e eliminação do uso de combustíveis fósseis se mantenha durante as próximas décadas.

É aí que entra o atual rascunho do documento final da COP26. Ele pede que os países fortaleçam a ambição de reduzir as emissões até o fim de 2022. Propõe ainda que reuniões ministeriais de alto nível aconteçam todos os anos para manter a ambição ao longo do tempo.

Trata-se de uma revisão do Acordo do Paris, assinado em 2015, que previa um acompanhamento das metas propostas cada cinco anos. A avaliação dos coordenadores da atual COP é que o processo precisa seguir um ritmo mais acelerado.

Outro trecho importante do documento preliminar é o que fala em “acelerar o abandono do uso do carvão e dos subsídios para combustíveis fósseis”. Se a passagem for aprovada, será a primeira vez que algo assim entra nos documentos oficiais de uma COP. O carvão é proporcionalmente o mais poluente desses combustíveis, e os subsídios são uma razões que explicam a força do setor, apesar do barateamento constante das energias renováveis.

Por fim, o texto também propõe o dobro da ajuda financeira para países pobres se adaptarem aos efeitos da crise climática – passando, portanto, de US$ 100 bilhões anuais para ao menos US$ 200 bilhões.

É bom lembrar que tudo isso deve passar por intensa negociação nos próximos dias. As decisões das COPs só são atingidas se houver consenso de todos os países participantes.

Carros sem queima de combustíveis fósseis

Entre as escassas boas notícias do dia está o compromisso de 24 países e de alguns fabricantes de veículos a zerar a fabricação de carros que usam combustíveis fósseis até “2040 ou antes”. As emissões de gases-estufa do setor de transportes correspondem a um quinto do total global, e a recomendação da Agência Internacional de Energia é que automóveis que usam esse tipo de combustível parem de ser vendidos para evitar mudanças climáticas perigosas.

A lista de signatários inclui Reino Unido, Canadá, Nova Zelândia e Holanda, bem como alguns governos regionais e municipais. Entre os representantes da indústria automobilística, os principais participantes são Ford, Mercedes e Volvo. Por outro lado, ainda há muitas ausências importantes, como os gigantes EUA e Alemanha, a Volkswagen e a Toyota. As empresas não signatárias manifestaram dúvidas sobre a viabilidade de uma infraestrutura global para veículos sem combustíveis fósseis até a data acordada pelo documento.

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