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EUA e China surpreendem e anunciam acordo para enfrentar crise climática

As duas maiores economias globais são, também, as maiores poluidoras. Veja detalhes da cooperação.

Por Reinaldo José Lopes
Atualizado em 11 nov 2021, 18h58 - Publicado em 11 nov 2021, 18h56

Enquanto a COP26, conferência do clima das Nações Unidas realizada em Glasgow (Escócia), aproxima-se dos momentos decisivos de negociação, as duas maiores economias (e poluidoras) do mundo decidiram fazer um anúncio-surpresa sobre um plano bilateral de cooperação para enfrentar a emergência climática.

Em declaração conjunta, EUA e China anunciaram que vão cooperar em projetos de redução de emissões de metano (gás que dura relativamente pouco na atmosfera, mas tem acentuado potencial de aumentar a temperatura do planeta, superior ao do gás carbônico) e também das emissões vindas dos setores industrial, de energia e de transportes.

Xie Zhenhua, negociador-chefe da delegação da China na conferência, diz que o objetivo da cooperação é “acelerar uma transição verde e de baixo carbono” para a economia mundial. “A mudança climática está se tornando um desafio cada vez mais urgente. Esperamos que esta declaração conjunta ajude a tornar a COP26 um sucesso.”

O anúncio foi recebido como uma surpresa positiva do encontro porque, ao longo dos dias anteriores, representantes dos dois países tinham andado trocando farpas. O presidente americano, Joe Biden, por exemplo, tinha criticado a ausência de seu colega chinês, Xi Jinping, durante os primeiros dias da COP, nos quais chefes de Estado do mundo inteiro estiveram em Glasgow para abrir os trabalhos.

Prazo apertado

“As duas maiores economias do mundo concordaram em trabalhar juntas no temas das emissões durante esta década decisiva”, declarou o enviado do governo Biden, John Kerry. “A China e os EUA têm diferenças de sobra entre si. Mas a cooperação é o único caminho para cumprirmos essa missão.”

A expressão mais importante na frase de Kerry é “esta década”. Outro ponto-chave da declaração conjunta é pensar em metas de curto prazo, algo que tem sido negligenciado na maioria dos compromissos climáticos assumidos durante a COP.

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O secretário-geral da ONU, António Guterres, bem como outros líderes e ativistas, elogiaram a iniciativa, embora ainda não esteja claro qual será o impacto e a durabilidade dela até o fim da década.

Guterres, em sua segunda passagem por Glasgow desde o início das negociações, reforçou o pedido para que os subsídios globais que ajudam a sustentar a indústria dos combustíveis fósseis sejam cortados. Esse deve ser um dos temas de debate mais intenso para a redação de um documento final da conferência, ao lado do compromisso de eliminar totalmente o uso do carvão mineral na matriz energética do planeta. O carvão é o mais poluente dos combustíveis fósseis, com alta intensidade de emissões de CO2.

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