Ícone de fechar alerta de notificações
Avatar do usuário logado
Usuário

Usuário

email@usuario.com.br
Semana do Cliente: Revista em casa por 9,90

Construa seu sexto sentido

São necessários, no mínimo, dez anos de experiência numa atividade para fazer seu primeiro milhão de padrões de memória e construir sua intuição — isso mesmo, ela não surge do nada.

Por Sílvia Lisboa
Atualizado em 28 Maio 2018, 16h35 - Publicado em 30 Maio 2016, 17h45

O PODER DO SEXTO SENTIDO
PARTE 1 | PARTE 2 | PARTE 3

Experimente perguntar a um enxadrista como ele ganhou um campeonato. É provável que ele diga “não sei”. O psicólogo Gary Klein se irritava com essa resposta vinda de vários profissionais. Mas ele insistiu. Pedia detalhes em entrevistas que duravam horas com executivos, enfermeiras de UTI e bombeiros.

Klein percebeu dois aspectos recorrentes: 1) os mais intuitivos, em geral, eram os mais experientes; 2) anos de prática serviram para acumular padrões que automatizaram tarefas complexas. Os entrevistados sabiam explicar os motivos por trás das escolhas. Sem pensar, haviam reconhecido em situações-limite padrões já enfrentados. Em milissegundos, seu inconsciente fazia conexões com vivências prévias e fazia soar um alerta na forma de estalo mental ou calafrio. Tá, mas como ensinar isso de modo prático?

O prêmio Nobel Herbert Simon fez o cálculo. São necessários, no mínimo, dez anos de trabalho duro, 40 horas por semana, 50 semanas por ano, para começar a fazer o dever de casa. Esse é o primeiro passo para fazer seu primeiro milhão de padrões de memória. Especialistas em uma área têm entre 100 mil e 2 milhões de padrões à disposição. O repertório de soluções à disposição da intuição é tão robusto que fica difícil ignorá-las.

Mas os experts não são intuitivos 100% do tempo. O psicólogo Daniel Kahneman, Nobel de Economia em 2002 estudando economia comportamental, explica que a mente trabalha com um sistema rápido e intuitivo colaborando com outro lento e reflexivo. O intuitivo não melhora se não refletir sobre suas decisões, identificar seus erros e fazer tudo de novo, tarefas do racional. A carreira de Magnus Carlsen, do início da reportagem, exemplifica a interdependência dos sistemas. Antes de levar 10 segundos para escolher cada jogada, ele engatinhou no xadrez, demorando para decidir, analisando um monte de variáveis, cometendo erros e perdendo jogos. O sistema racional foi abastecendo de dados o intuitivo, que por sua vez turbinou o jogo de Magnus. O sistema racional é um guardião, corrigindo as falhas da intuição – que não são poucas.

Continua após a publicidade

44% é o índice de acerto entre casais que participaram de uma pesquisa para medir quanto cada parceiro sabia sobre o outro. Nem sempre a intuição funciona tão bem quanto parece

A razão é lógica e cartesiana, enquanto a intuição é anárquica e emotiva. E isso é um problemão com o bombardeio de informações a que estamos expostos. O inconsciente vai processando o máximo de dados, sem a gente perceber. Como não se guia pela lógica, faz lambança. Exemplo: não são poucas as pessoas com medo de avião, ainda que o transporte aéreo seja dos mais seguros. As pessoas são todas loucas, então? Não. Elas veem notícias, e acidentes aéreos rendem manchetes trágicas. Como a intuição não é boa em estatística e é afetivamente sensível, desconsidera o dado e fica com a emoção do relato – e com o medo de voar.

A rapidez da intuição também prega peças. Para não perder agilidade, ela funciona à base de estereótipos, o que reforça nossos preconceitos. Além disso, o pensamento intuitivo ainda esbarra em outro problema nato: somos egocêntricos. Tendemos a analisar o mundo e os outros a partir de nossos gostos e experiências. Normal. Só que não somos reis da empatia. O psicólogo William Ickes descobriu que nossa precisão em sacar o que passa na cabeça de um estranho é de 20%. E o índice sobe para míseros 35% entre casais e amigos. O professor da Universidade de Chicago, Nicholas Epley, comparou o quanto cônjuges sabiam um do outro. É um fosso: embora declarassem “ler” os parceiros em 80% das situações, o índice de acerto foi de 44%. “Na dúvida sobre como o outro se sente, pergunte”, aconselha Epley. Seu sexto sentido agradece. Na próxima, ele adivinha sozinho.

Publicidade

Enquanto você lê isso, o [b] mundo muda [/b] — e quem tem [b] Superinteressante Digital [/b] sai na frente. Tenha [b] acesso imediato [/b] a ciência, tecnologia, comportamento e curiosidades que vão turbinar sua mente e te deixar sempre atualizado

Enquanto você lê isso, o [b] mundo muda [/b] — e quem tem [b] Superinteressante Digital [/b] sai na frente. Tenha [b] acesso imediato [/b] a ciência, tecnologia, comportamento e curiosidades que vão turbinar sua mente e te deixar sempre atualizado

OFERTA RELÂMPAGO

Digital Completo

Enquanto você lê isso, o mundo muda — e quem tem Superinteressante Digital sai na frente. Tenha acesso imediato a ciência, tecnologia, comportamento e curiosidades que vão turbinar sua mente e te deixar sempre atualizado
De: R$ 16,90/mês Apenas R$ 1,99/mês
ECONOMIZE ATÉ 63% OFF

Revista em Casa + Digital Completo

Superinteressante todo mês na sua casa, além de todos os benefícios do plano Digital Completo
De: R$ 26,90/mês
A partir de R$ 9,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a R$1,99/mês.