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Adotar uma dieta livre de glúten pode não ser tão saudável assim

Para a maioria das pessoas, se privar da proteína pode representar aumento nos riscos de doenças cardíacas

Por Guilherme Eler
Atualizado em 4 Maio 2017, 19h00 - Publicado em 4 Maio 2017, 18h48

A não ser que você tenha doença celíaca, uma dieta livre de glúten não vai necessariamente melhorar seu bem-estar. Pelo contrário, se abster totalmente da proteína pode ser até pior do que manter um consumo razoável de pães, bolos e biscoitos – sobretudo no que se refere à saúde do coração. É o concluiu um estudo de cientistas das Universidade de Harvard e Columbia, nos EUA, publicado no periódico científico BMJ.

O glúten, encontrado em grãos como o trigo, centeio e cevada, é integrante de boa parte nossa dieta. A intolerância à proteína, conhecida como doença celíaca, modifica diretamente a vida de milhões de pessoas no mundo. Além de ter de abrir mão de produtos como cervejas e massas, quem é intolerante à proteína possui um maior risco de ter anemia. Ingerir cerca de 20 miligramas de glúten por quilo de alimento (uma fatia fina de pão francês já tem mais que isso) pode desencadear sintomas como vômitos e enjoos.

Com o objetivo de traçar relações entre o consumo de glúten e a ocorrência de doenças cardíacas, os pesquisadores consideraram dados de mais de 100 mil pacientes, coletados durante 26 anos. Todos eram profissionais ligados à área da saúde, e tiveram de responder a cada quatro anos um questionário sobre a sua ingestão da proteína.

De acordo com os cientistas, os voluntários que adotaram uma dieta sem glúten não tiveram maior risco de sofrer de doenças cardíacas. Porém, sem contar com o nutriente, deixaram de consumir uma série de grãos essenciais, que controlam a tendência ao desenvolvimento de problemas de coração. Ou seja: parar de comer glúten não faz mal ao coração. Mas comer glúten pode fazer bem. Por isso, o estudo defende que “não se deve encorajar” a adoção de dietas livres de glúten.

Não há dados relativos ao Brasil, mas o mercado de alimentos sem glúten é tendência forte em outras partes do mundo. No Reino Unido, estima-se que esse tipo de comida movimentará £550 milhões até 2019. Nos EUA, 55% dos consumidores gastam até 30% de suas compras com produtos sem o nutriente, normalmente mais caros que o normal. Desde 2014, o total de norte-americanos com uma dieta glúten-free triplicou – enquanto um número de celíacos se manteve estável.

Não consumir glúten ainda é uma saída para quem busca a perda de peso, ou quer seguir uma vida livre das culposas calorias que vêm dos pães e massas. Essa pode ser uma escolha saudável, desde que não elimine todos os grãos da jogada e substitua por outras alternativas menos populares. Seu coração – e seu bolso, por que não – agradecem.

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