Se há oxigênio e hidrogênio no ar, por que não fazemos água?
Na teoria, a ideia é boa. Na prática, porém, o jeito mais fácil de obter hidrogênio é justamente quebrar água.
Porque há pouquíssimo hidrogênio no ar – ele compõe 0,00005% da atmosfera da Terra, contra os 21% do oxigênio. Esse gás é tão raro, de fato, que a maneira mais comum de obtê-lo em escala industrial é quebrar moléculas de água, ou seja: fazer o contrário do processo sugerido na pergunta.
No papel, porém, a ideia faz todo sentido. Motores a hidrogênio, por exemplo, funcionam queimando H2 com O2 – uma reação explosiva que gera H2O, o único resíduo que sai do escapamento.
É irônico que seja tão difícil conseguir hidrogênio na Terra, já que ele é o elemento mais comum do Universo (cerca de 75% do total) e é a principal matéria das estrelas. Uns com tanto, outros com tão pouco.
O motivo dessa gás ser tão raro por estas bandas é seu peso irrisório. Por dia, 96,6 mil toneladas de ar vão embora da Terra (temos 5 trilhões, não se preocupe). Os gases que escapam, em geral, são os mais leves: hidrogênio e hélio.
O famoso dirigível alemão Hindenburg, que se desfez em uma bola de fogo em 1937, era preenchido com hidrogênio, o que significa que a explosão gerou vapor de água, simplesmente.
Outro fato curioso é que muitos foguetes são movidos parcialmente a hidrogênio, o que significa que a imensa bola de fogo e o fumacê formado nos lançamentos têm um bocado de água (infelizmente, não só água: outros tipos de combustível também são necessários, e, em geral, estamos falando de querosene ou compostos muito piores para o meio-ambiente, que geram chuva ácida e corroem a camada de ozônio).
Fonte: Mabel Karina Arantes, professora e pesquisadora da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Pergunta de @veiguinhaboy, via Instagram.