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Estudo mostra que trilhões de toneladas de carbono estão contidas no solo

Pelo menos 2,3 trilhões de toneladas de todo o carbono inorgânico do planeta está nos solos, e podem ser dispersos graças às mudanças ambientais.

Por Caio César Pereira
15 abr 2024, 19h00

Um dos elementos essenciais para o surgimento e manutenção da vida no planeta é o carbono. Paradoxalmente, ao mesmo tempo que esse elemento é parte fundamental da biologia dos seres vivos e dos ecossistemas terrestres, ele também é um dos causadores do efeito estufa. 

Antes, em sua maioria contida nos corpos dos seres vivos e na atmosfera, uma pesquisa mostrou que ele também é encontrado em grande quantidade no solo.

O estudo, publicado na revista Science, revelou o seguinte: uma grande parte do carbono inorgânico do planeta está contido nos solos. E quando falamos grande parte, é porque o negócio é realmente bem vasto: os cálculos mostraram que os dois metros superiores do solo em todo o planeta contêm cerca de 2,3 trilhões de toneladas de carbono inorgânico. 

Para se ter uma comparação, isso é mais ou menos cinco vezes mais do que a gente encontra em vegetação terrestre no planeta. E claro, nada não é tão ruim que não pode piorar. A pesquisa estimou também que pelo menos 1% desse carbono pode ser liberado nos próximos 30 anos. 

1% pode até parecer pouco, mas nesse caso, ele se refere a uma quantidade de 23 bilhões de toneladas de carbono inorgânico soltas nas águas e na atmosfera.

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Mas quais os impactos que esse carbono pode ter no meio ambiente? Bom, primeiro, vale lembrar a diferença entre o carbono inorgânico e o orgânico. O carbono inorgânico difere do seu companheiro orgânico basicamente pela sua origem. 

Enquanto o carbono orgânico provém de origem biológica – ou seja, de seres vivos, o inorgânico decorre de materiais que não têm origem biológica, e existe em várias formas, como dióxido de carbono gasoso aprisionado, ou, como na maioria das vezes, em seu estado sólido, como carvão mineral e carbonato de cálcio.

Os carbonatos, por exemplo, podem vir tanto da intemperização de rochas quanto da reação de minerais do solo com dióxido de carbono atmosférico.

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Os pesquisadores analisaram mais de 200.000 medições de solo de todo o mundo, e descobriram que só a Austrália abriga cerca de 160 bilhões de toneladas (7%) do carbono inorgânico do mundo (isso porque, o carbono inorgânico tende a se acumular mais no solo em ambientes áridos e semiáridos).

Essa grande quantidade de carbono inorgânico nos solos é resultado de processos naturais ao longo de milhões de anos, e auxiliam na manutenção dos níveis de acidez do solo, na quantidade de nutrientes, além de funcionar como um grande armazenador de carbono. 

O problema, é que esse carbono armazenado no solo é afetado diretamente pelas mudanças ambientais. A chuva ácida e outras formas de poluição de origem industrial, estão tornando o solo cada vez mais ácido. A acidez dissolve o carbonato de cálcio (onde grande parte do carbono inorgânico está concentrado), e o libera na água ou como gás carbônico. 

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Já a irrigação e a fertilização de terras agrícolas, por exemplo, aceleram a taxa com que o carbono inorgânico se dissolve no solo. Esse carbono a mais solto por aí, pode alterar todo ciclo de carbono do planeta (responsável pela manutenção da vida), além de também intensificar o efeito estufa.

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