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Trabalho do futuro pode ter monitoramento cerebral

Nova geração de gadgets já permite que as empresas usem eletroencefalograma em seus funcionários - o que desperta preocupações

Por Luisa Costa e Bruno Garattoni
19 jan 2023, 07h42

As empresas sempre fizeram de tudo para monitorar a produtividade dos empregados. Com a pandemia e o home office, a prática deu um salto (a Microsoft criou um sistema chamado Productivity Score, que observa e quantifica tudo o que a pessoa faz no computador). Em breve, poderá incluir a neurotecnologia.

A empresa americana Emotiv criou um aparelho, o MN8, para uso no trabalho: parece um headset qualquer, mas tem sensores de eletroencefalografia (EEG) que medem as ondas cerebrais – e, a partir disso, deduz o nível de atenção e estresse do usuário.

A startup israelense InnerEye vai além: seu produto, que também usa EEG, promete detectar ações específicas do cérebro. Especialistas já temem que, no futuro, os trabalhadores acabem sendo obrigados a usar dispositivos assim. A Super conversou com James Giordano, especialista em neuroética da Georgetown University, sobre a questão.

Quão perto isso está da realidade?

Algumas formas de monitoramento cerebral já são empregadas em ambientes de trabalho. Há notícias sobre o uso de EEG na China, por exemplo. Também há pesquisas em vários países, como nos Estados Unidos, que estão avaliando a eficácia e a utilidade dessas tecnologias, para medir ou influenciar o desempenho, a segurança e a saúde no trabalho. Em suma, isso já é uma realidade.

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Quais são os possíveis riscos?

Os dados podem ser usados, por exemplo, para comparar padrões de atividade cerebral e relacioná-los ao desempenho no trabalho. Essas informações poderiam servir como requisito em contratações e promoções [a pessoa só seria admitida ou promovida se tivesse determinada performance no EEG]. E também para fundamentar o uso de outras neurotecnologias, que tentem influir na atividade cerebral [para aumentar o desempenho em determinadas tarefas].

Como podemos nos proteger?

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É muito importante entender as capacidades e as limitações dessas tecnologias, para não superestimar – ou subestimar – sua viabilidade no mundo real. Isso é essencial para desenvolver leis regulamentando o uso delas. E é preciso obter o consentimento, totalmente informado, de qualquer pessoa [que vá ser monitorada].

Mas também é importante considerar que as normas e os padrões éticos podem variar entre culturas e sociedades. Então será vital, no futuro, fazer discussões internacionais para estabelecer regras sobre como essas ferramentas e técnicas poderão ou não ser usadas.

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