Em 2048, seu cérebro poderá ser hackeado. No mesmo ano, esportistas de final de semana serão vacinados para se protegerem de contusões. Antes disso, em 2035, um conjunto de eletrodos acoplados à sua cabeça dará origem a um mapa das suas emoções muito mais preciso que as atuais escalas de emojis usadas nas redes sociais. Até lá, você poderá ter um mentor de inteligência artificial para aprender o que quiser online. A essa altura, estaremos habituados a comprar alimentos diretamente dos agricultores por meio de aplicativos e os brinquedos dos seus filhos vão crescer (literalmente!) e evoluir junto com eles.
Essas cenas dignas de filme de ficção científica foram roteirizadas pela Envisioning, uma empresa brasileira de mapeamento de tendências. A organização criou um método de investigação de novas tecnologias que tenta prever quando uma ideia deixará de ser um conceito abstrato, em que período deve se manter como protótipo e quando terá condições de se tornar realidade. O resultado dessas pesquisas desenvolvidas por acadêmicos, programadores, designers e profissionais especialistas em várias áreas do conhecimento pode ser visualizado em infográficos.
“Acredito que a infografia nos permite traduzir informações complexas em imagens sem que haja perda dessa complexidade. Apesar de ser um meio passivo, ele é interativo, democrático. Eu me vejo como um nerd em tecnologia, mas a maioria dos veículos que falam sobre o assunto discutem o que está acontecendo agora, não o que pode acontecer em perspectiva. Nosso objetivo é olhar para o futuro com otimismo, entender o que está acontecendo e que frutos vamos colher ”, conta o fundador da Envisioning, Michel Zappa, em entrevista à SUPER.
Atualmente, a organização mantém um banco de dados com mais de 800 “possíveis cenários de futuro” e já prestou serviços para Lego, Swarovski, Google, Visa, ONU e governos de países como Canadá, Suíça e Honduras. Em fevereiro de 2018, a Envisioning desenvolveu um projeto de inovação para o governo da Arábia Saudita, especulando sobre mais de 150 tecnologias “do futuro” em seis grandes áreas (saúde, educação, logística, produção, recursos naturais e mobilidade) – confira no infográfico “Bem-vindo a 2071”.
“Gurus e videntes preveem o futuro. O que fazemos é cruzar informações entre academia, indústrias e governos. Pegamos o que já existe e o que queremos que exista para, a partir daí, saber a aplicabilidade de cada ideia, criar linhas do tempo especulativas com pesquisas, métricas e previsões quantitativas”, afirma Thiara Cavadas, líder de pesquisas da empresa.
É óbvio que ninguém tem a chave para o futuro, mas não deixa de ser divertido navegar pelas especulações de quem está levando o assunto tão a sério.