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Olimpíadas: saiba por que a pista de atletismo é feita de conchas trituradas

Tecnologia mais sustentável também dá vantagem aerodinâmica aos atletas

Por Bela Lobato
7 ago 2024, 16h00

Para quem corre na praia, as conchinhas presas na areia podem ser um incômodo ou obstáculo. Já nas Olimpíadas de Paris, as conchinhas são a própria pista. A novidade faz parte da promessa de fazer dessa edição a mais sustentável da história, e emitir menos da metade do carbono do que as edições anteriores.

A pista de atletismo onde Alison dos Santos competiu hoje, na semifinal dos 400 metros com barreiras, é feita de conchas trituradas. O projeto da pista levou três anos para ser concluído, e foi feito em colaboração entre a Mondo, empresa de engenharia que projetou as últimas 12 pistas de corrida olímpicas, e a Nieddittas, uma cooperativa de pesca italiana. 

Em 2021, a cooperativa começou a coletar e destinar para o projeto as conchas vazias de ostras, mariscos, vieiras e mexilhões que seriam jogadas em aterros sanitários ou no mar. Segundo um estudo do ano passado publicado na revista Applied Sciences, cerca de 18 milhões de toneladas de resíduos de conchas são descartados indevidamente todos os anos. Esse descarte contribui para a modificação de solos, águas e ecossistemas marinhos – quando, na verdade, as conchas poderiam ser usadas como matéria prima para outros itens.

“Há uma série de aplicações para as conchas residuais em muitos campos: agricultura, medicina, produção química, construção, proteção ambiental, indústria de cosméticos, indústria de alimentos e rações e uma infinidade de outras aplicações que estão sendo desenvolvidas a cada dia.”, escreveram os autores.

O pó fino que é obtido pela trituração desses materiais compõe metade da pista olímpica de 2024. Sob a cor roxa, há uma pista de borracha com duas camadas. O nível inferior tem células em formato de colmeia, em que o ar absorve o choque da aterrissagem do pé e, em seguida, o empurra para fora, devolvendo a energia à medida que o corredor decola.

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A pista de corrida ideal, paradoxalmente, tem que ser dura e macia ao mesmo tempo. Quanto mais dura for, mais rápido as pessoas podem correr. Mas os atletas impactam a pista com uma força três vezes maior que o seu peso corporal, de forma que um pouco de maciez faz com que parte dessa energia seja melhor absorvida ou distribuída. 

“Trabalhamos muito para sermos mais eficientes em questões energéticas,” diz Lesage, diretor de inovação e sustentabilidade da Mondo, no site oficial das Olimpíadas. “Passamos de 35% de materiais renováveis e não-fósseis em Londres para mais de 50% em Paris. De 2012 até agora, reduzimos nosso impacto ambiental e estamos trabalhando para reduzir isso ainda mais. Os desafios para Paris se voltam ao desempenho e sustentabilidade.”

Essa é a primeira vez que uma pista de corrida olímpica não é vermelha. Mas a escolha do roxo não teve nada a ver com a composição de mexilhões e conchas: foi puramente estética.

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