Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

O fiasco do Skylab

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h53 - Publicado em 26 Maio 2012, 22h00

Leonardo Fuhrmann

Erro – Falhas de projeto e de avaliação resultaram em danos à estrutura da estação espacial logo em seu lançamento.

Quem – Nasa, a agência espacial americana.

Quando – 1973.

Consequências – Menos da metade das pesquisas científicas inicialmente planejadas pôde ser feita; a vida útil da estação foi abreviada; e o mundo todo ficou com medo de ver um pedaço do Skylab cair na cabeça de alguém.

Precursor da estação espacial soviética Mir e da atual Estação Espacial Internacional, o Skylab prometia grandes avanços científicos. A engenhoca foi colocada em órbita pela Nasa, a agência espacial americana, no ano de 1973. Tinha exatos 36 metros de comprimento, 6,7 metros de diâmetro e pesava 91 toneladas. Tratava-se, portanto, do maior objeto enviado ao espaço pelo homem até então. Serviria de laboratório para pesquisas que, na Terra, não seriam possíveis. Um dos objetivos era avaliar a capacidade dos seres humanos de viver no espaço por longos períodos. Outro era coletar informações mais precisas sobre o Sol, sem a interferência da atmosfera terrestre.

Continua após a publicidade

Três anos depois de lançado, porém, o Skylab deu um tremendo chabu. Saiu do controle, despedaçou-se ao reentrar na atmosfera da Terra e deixou todo mundo em pânico, temendo que um pedaço caísse na cabeça de alguém. O episódio entrou para a história como uma das grandes trapalhadas da Nasa.

Vibrações imprevistas

Os problemas com o Skylab começaram logo no lançamento. Vibrações que não haviam sido previstas pelos engenheiros da Nasa acabaram provocando a perda de um de seus painéis solares e do escudo que protegeria a fuselagem de eventuais impactos de meteoroides. Para piorar, os destroços do escudo perdido atingiram o painel solar restante, o que impediria sua plena abertura quando o laboratório entrasse em órbita.

A solução foi manobrar o Skylab – remotamente, já que ele não contava com tripulantes – para que o painel remanescente captasse o máximo de energia. O efeito desse contratempo acabaria sendo sentido na pele pela primeira tripulação, que chegou à estação no dia 25 de maio de 1973 (a bordo de um módulo Apollo) para um mês de estadia. O comandante Charles Conrad, o piloto Paul Weitz e o astronauta cientista Joseph Kerwin descobriram que o funcionamento de um único painel provocava superaquecimento do laboratório. A temperatura interna chegava a 52 graus. Em vez de pesquisas, os tripulantes passaram a maior parte do tempo fazendo consertos e gambiarras para que não morressem de calor.

Morte precoce

Segundo Charles Dunlap Benson e William David Compton, autores de Living and Working in Space: A History of Skylab (“Vivendo e Trabalhando no Espaço: Uma História do Skylab”, inédito no Brasil), a verdade é que os equipamentos da estação espacial americana sempre foram altamente suscetíveis a falhas. Durante os 8 meses que antecederam seu lançamento, um terço deles exigiu reparos e 20% apresentaram problemas mecânicos durante sua instalação.

Continua após a publicidade

Depois de mais duas conturbadas missões (leia mais no quadro à direita), a estação foi abandonada em órbita, a 455 quilômetros de altitude. Ali, os cientistas da Nasa esperavam que o Skylab permanecesse por pelo menos mais 10 anos – garantindo ao programa espacial americano, assim, a possibilidade de reativá-lo em algum momento. Mas um período de fortes tempestades solares, que também não foi previsto pelos engenheiros da Nasa, começou a empurrá-lo de volta para a Terra. Até que, no dia 11 de julho de 1979, a estação desmanchou-se ao reentrar na atmosfera terrestre.

Probabilidades

A chance de um pedaço do Skylab atingir uma pessoa, nas contas da agência espacial, não era nada desprezível: uma em 152. E a possibilidade de uma cidade com pelo menos 100 mil habitantes ser atingida era ainda mais preocupante: uma em apenas 7. Felizmente, os destroços caíram sobre o oceano Índico e áreas desabitadas do oeste da Austrália.

Aquém do esperado

Mais de 60% das experiências que seriam feitas no Skylab acabaram não acontecendo. Mesmo assim, o saldo científico não foi de todo mau.

Continua após a publicidade

• Cerca de 300 experimentos foram realizados em aproximadamente 2 000 h de trabalhos científicos.

• Mais de 127 mil fotos do Sol e 46 mil da Terra foram tiradas, além de uma extensa produção de filmes.

• No total, o Skylab orbitou a Terra 2 476 vezes nos 171 dias em que esteve ocupado por astronautas.

Telescópio míope
Por pouco, o Hubble também não acabou se transformando num grande fracasso

Outro projeto da Nasa que, por pouco, não terminou num enorme fiasco foi o do telescópio espacial Hubble. Colocado na órbita da Terra no dia 24 de abril de 1990, ele prometia revelar os segredos mais ocultos do Universo, já que seria capaz de “enxergar” – e fotografar – mais longe do que qualquer outro telescópio. Assim que entrou em operação, no entanto, descobriu-se que, em virtude de um grosseiro erro de projeto, seu espelho principal apresentava uma curvatura inadequada – o que impedia que o Hubble conseguisse focar com precisão os corpos celestes que ele tentava fotografar. Como trocar esse espelho em órbita era caro e muito difícil, o jeito foi desenvolver uma lente corretiva, instalada com sucesso em dezembro e 1993. Assim, o telescópio espacial voltou a “enxergar”, salvando a agência espacial americana de mais um papelão.

Continua após a publicidade

Show de horror

Nas duas missões que se seguiram à primeira, a tripulação teve mais tempo para o trabalho científico. Mas elas também foram marcadas por algumas trapalhadas

2ª MISSÃO

Tripulantes: Alan Bean (comandante), Jack Lousma (piloto) e Owen Garriott (cientista).

Permanência no Skylab: 60 dias.

Quando: entre julho e setembro de 1973.

Continua após a publicidade

Trapalhada: a tripulação enfrentou problemas sérios na hora de acoplar o módulo Apollo à estação espacial, o que obrigou a Nasa a deixar uma equipe de resgate em prontidão.

3ª MISSÃO

Tripulantes: Gerald Carr (comandante), William Pogue (piloto) e Edward Gibson (cientista).

Permanência no Skylab: 84 dias.

Quando: entre novembro de 1973 e fevereiro de 1974.

Trapalhada: os astronautas tentaram esconder do comando, logo no início da missão, que um dos integrantes passava mal – vítima da chamada síndrome de adaptação ao espaço.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY
Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 10,99/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.