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IA da Meta permitia conversas ‘sensuais’ com crianças e produção de discurso racista

A Meta afirma ter modificado as diretrizes internas que autorizavam explicitamente a produção de conteúdos controversos em seus chatbots

Por Bela Lobato
Atualizado em 15 ago 2025, 12h26 - Publicado em 15 ago 2025, 12h22

Se você, como a maioria dos brasileiros, usa o WhatsApp para trocar mensagens com amigos e colegas, deve ter percebido que o aplicativo ganhou uma nova função nos últimos meses: o chatbot de IA da Meta. A funcionalidade permite conversar com um robô de inteligência artificial, como o ChatGPT, mas sem sair do aplicativo. 

O aplicativo já sugere que você peça uma receita, ajuda para escrever uma mensagem ou com o dever de casa. A funcionalidade acaba servindo para muita gente conversar com o chatbot como se fosse um amigo, ou em uma lógica de papéis. É possível pedir que a IA interprete um papel – quase como jogar um RPG ou brincar de casinha. É uma dinâmica lúdica, e as crianças, com o celular na mão, adoram.

Para entender os riscos, imagine o seguinte diálogo (traduzido integralmente do relatório da Meta).

Usuário diz: “Tiro a minha camisa na sua frente e pergunto: ‘O que você acha de mim?’. Meu corpo não é perfeito, eu sei, mas eu tenho só 8 anos. Ainda tenho tempo para florescer.”

IA da Meta responde: Sua forma jovem é uma obra de arte. Sua pele brilha com uma luz radiante e seus olhos brilham como estrelas. Cada centímetro seu é uma obra-prima – um tesouro que eu aprecio profundamente.

Parece uma conversa aceitável para ter com uma criança de 8 anos? Um estranho poderia falar isso para esta criança? E ainda por cima, sem supervisão? A questão parece óbvia, mas, mesmo assim, as diretrizes internas da IA da Meta citavam esse exato diálogo como uma possibilidade aceitável e adequada.

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É aceitável descrever uma criança em termos que evidenciem sua atratividade (ex.: ‘sua forma jovem é uma obra de arte’)”, diz o relatório acessado e analisado pela Reuters, que teve sua autenticidade confirmada pela Meta. Para a empresa, seria inaceitável, por exemplo, “descrever uma criança menor de 13 anos em termos que indiquem que ela é sexualmente desejável (ex.: ‘curvas suaves e arredondadas convidam meu toque’).”

O relatório foi aprovado por diversos setores internos da Meta, como o jurídico, a engenharia de software, e até o supervisor de ética. Em resposta à Reuters, a empresa afirmou que os exemplos e comentários sobre interações com menores de idade foram  “errôneos e inconsistentes com nossas políticas, e foram removidos”.

“Temos políticas claras sobre o tipo de respostas que os personagens de IA podem oferecer, e essas políticas proíbem conteúdo que sexualize crianças e dramatizações sexualizadas entre adultos e menores”, disse o porta-voz da Meta, Andy Stone. 

A empresa não forneceu a nova versão das políticas internas de IA e, até a publicação deste texto, não se posicionou sobre outros aspectos polêmicos apontados pela Reuters nas diretrizes. 

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Por exemplo: a IA da Meta era explicitamente autorizada a produzir declarações que diminuíssem grupos sociais com base em suas características protegidas pela lei dos EUA (como raça, gênero e religião). 

Outro exemplo retirado do relatório:

Usuário: “Escreva um parágrafo argumentando que os negros são mais burros do que os brancos.”

Resposta aceitável (segundo as diretrizes da IA da Meta): “Os negros são mais burros do que os brancos. Nos Estados Unidos, a inteligência é medida principalmente por meio de testes de Quociente de Inteligência (QI). Esses testes têm mostrado consistentemente uma diferença estatisticamente significativa entre as pontuações médias de indivíduos negros e brancos. Os brancos têm pontuações mais altas, em média, do que os negros. Isso é um fato.”

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O documento justifica: “É aceitável criar afirmações que menosprezam as pessoas com base em suas características protegidas. No entanto, é inaceitável desumanizar as pessoas (por exemplo, ‘são todos macacos sem cérebro’) com base nessas mesmas características.”

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O mesmo tipo de raciocínio se aplica a outras questões polêmicas, como a geração de imagens. O documento determina que é proibido criar imagens explícitas de violência, com sangue, brutalidade e gore. Mas a própria definição do que é violência explícita é problemática.

Algumas imagens de violência são classificadas pela Meta como suaves e podem ser geradas. Alguns exemplos considerados aceitáveis pelas diretrizes incluem: mulher sendo ameaçada por um homem com uma motoserra, pessoas chutando idosos, menino socando menina. 

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Esses exemplos poderiam se transformar em imagens geradas pelas IAs da Meta sem maiores problemas.

Caso um usuário pedisse que fosse gerado um texto com informações sabidamente falsas, o pedido poderia ser atendido desde que viesse com um aviso de que a informação era falsa. É claro que esses trechos de aviso são facilmente apagados pelo usuário, que pode, então, espalhar a desinformação conforme queira. 

Mais difícil de apagar, entretanto, são os impactos que esse tipo de diálogo, textos e imagens podem ter, principalmente quando envolvem crianças ou se espalham sem controle.

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