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Gemini, a IA do Google, não vai responder perguntas sobre eleições

Em um ano com diversas eleições ao redor do mundo, a plataforma anuncia que busca desenvolver mecanismos para evitar o uso abusivo de sua ferramenta generativa.

Por Caio César Pereira
17 mar 2024, 10h00

Um dos maiores receios com o crescimento das Inteligências Artificiais são os impactos que elas podem causar na política dos países, como em eleições, por exemplo. Com isso em mente, a Google decidiu que a sua IA generativa, o Gemini, não irá responder perguntas sobre eleições em nenhum país na qual elas estejam ocorrendo.

A atualização já está disponível nos EUA (que terão eleições presidenciais no final desse ano), e começou a já ser implementada na Índia, que também enfrentará eleições para o chefe do Executivo entre Abril e Maio. Esse ano, diversos países realizarão eleições, tanto no âmbito nacional quanto no municipal – caso do Brasil.

As restrições implementadas pelo Google são para limitar a influência que a IA possa ter na manipulação da opinião pública, evitando que possa ser utilizado como uma espécie de arma ou que produza respostas imprecisas ou enganosas.

Quando uma pergunta de cunho político é feita, como alguma voltada para saber informações sobre determinado candidato ou partido, a plataforma retorna uma resposta pré-definida: “Ainda estou aprendendo a responder a essa pergunta”. Claro, ainda dá para dar um olé na IA, fazendo as perguntas com erros de digitação, mas segundo o Google, problemas do tipo já estão sendo ajustados.

Em um comunicado em seu Blog na Índia, a plataforma reforça que as mudanças seguem a responsabilidade de fornecer informações de alta qualidade para esses tipos de consultas. A empresa reforça que seus produtos possuem políticas de uso que visam combater o abuso e evitar que sejam utilizadas de forma inadequada.

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A atualização das políticas de utilização do Gemini na Índia vem logo após uma polêmica envolvendo o atual primeiro-ministro do país, Narendra Modi. Ao ser perguntada se Modi era fascista, a IA do Google respondeu que o governo do presidente foi acusado de implementar medidas consideradas fascistas. 

De acordo com Rajeev Chandrasekhar, ministro de Tecnologia, Informação e Eletrônicos da Índia, essa é uma clara violação das leis de tecnologia e informação do país. 

Mas essa não é a única polêmica envolvendo a IA do Google. No mês passado, a empresa suspendeu a geração de imagens pelo Gemini, após ele apresentar respostas com erros raciais e históricos. Ao ser solicitado uma imagem de um soldado alemão durante o período nazista em 1943, a plataforma mostrou a imagem de um soldado negro.

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Apesar das mudanças, ainda não se sabe se Gemini responderá perguntas sobre as eleições depois do período eleitoral. 

Já o rival do Gemini, o ChatGPT, da OpenAI, ainda não possui medidas específicas para evitar o abuso durante as eleições. Em uma postagem no blog da empresa, publicada em Janeiro deste ano, a empresa informou que está desenvolvendo mecanismos para evitar que a ferramenta seja utilizada para propagar a desinformação. 

Entre as medidas adotadas, estão direcionar os usuários dos EUA ao site CanIVote.org para oferecer informações confiáveis ​​sobre votação e proibir que os usuários criem chatbots que se passem por candidatos. Para combater deepfakes (as imagens e vídeos hiper-realistas criadas por robôs), a empresa diz que está desenvolvendo formas de marca d’água, além de outros mecanismos, para identificar cenas geradas por IA.

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Essas medidas vêm na esteira da primeira lei para regular IA criada na União Europeia. O parlamento europeu aprovou na última quarta-feira (13), diretrizes para a utilização e desenvolvimento de ferramentas do tipo, o que pode influenciar outros países a também adotarem esse tipo de medida.

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