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Dados de 50 milhões de usuários do Facebook foram usados para eleger Donald Trump

Escândalo com a empresa de análise de dados Cambridge Analytica, que trabalhou na campanha presidencial de Donald Trump, fez a rede social perder milhões em valor de mercado — e colocou Mark Zuckerberg em maus lençóis

Por Felipe Sali
21 mar 2018, 17h23

O Facebook experimentou uma queda histórica no valor de suas ações: em dois dias, a empresa perdeu quase US$ 50 milhões em valor de mercado. Foi convocada uma reunião de emergência com todos os funcionários, para que eles questionem a diretoria livremente e acalmem os ânimos. A rede social enfrenta uma crise pesada — e tudo graças a Donald Trump.

No último sábado, foi revelado que a empresa de análise de dados Cambridge Analytica usou informações pessoais de mais de 50 milhões de usuários do Facebook sem consentimento para criar um sistema de campanha política usado pela equipe de Trump durante a campanha presidencial dos EUA de 2016.

As informações foram coletadas através de um aplicativo chamado thisisyourdigitallife, que parecia uma brincadeira: o usuário fazia login com a conta e recebia um teste de personalidade. Em troca, bastava aceitar que seus dados (e dos seus amigos) fossem coletados para uso acadêmico. O aplicativo foi desenvolvido por Aleksandr Kogan, pesquisador da Universidade de Cambridge, no Reino Unido.

Com as informações, o time do Trump poderia entender, por exemplo, quem estava indeciso sobre as eleições — e encaminhar para essas pessoas notícias que falassem bem sobre o candidato ou que criticassem sua rival, Hillary Clinton. Os dados incluíam detalhes sobre profissão, local de moradia, gostos pessoais e hábitos. Os usuários do aplicativo não tinham ideia de que estavam ajudando a eleger o próximo presidente dos EUA.

A procuradora-geral de Massachusetts, Maura Healey, deu início a uma investigação formal sobre o caso. O Parlamento Britânico pediu a presença de Mark Zuckerberg para responder às acusações de manipulação eleitoral. A comissária europeia de Justiça, Vera Jourová, anunciou que solicitará esclarecimentos ao Facebook e já marcou uma reunião com o secretário de Comércio norte-americano, Wilbur Ross, para discutirem questões de proteção de dados. Zuckerberg terá que se explicar para muita gente. E rápido.

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Para piorar a situação, o CEO da Cambridge Analytica, Alexander Nix, foi pego em gravação escondida falando sobre utilização de suborno, espionagem, identidades falsas e prostitutas para conseguir informações em campanhas políticas. Ele foi afastado do cargo na terça-feira.

Em nota assinada pelo vice-diretor do Facebook, Paul Grewal, a empresa declarou estar “comprometida com o cumprimento de suas políticas e a proteção de informações dos usuários”. Além disso, a Cambridge Analytica foi suspensa da plataforma.

Mark Zuckerberg demorou, mas se pronunciou publicamente e disse que a Cambridge se aproveitou de uma brecha que a plataforma tinha anos atrás, e que medidas para evitar que isso aconteça novamente já foram tomadas há muito tempo, em 2014. Ele anunciou que três providências serão estabelecidas nos próximos meses: primeiro, o Facebook vai investigar quais apps tinham acesso a informações pessoais de usuários antes da mudança de quatro anos atrás, e fazer auditoria nos que apresentarem atividades suspeitas; a empresa vai restringir ainda mais o acesso de desenvolvedores de aplicativos a dados de usuários; e, por último, uma ferramenta será disponibilizada em todos os perfis, para que você possa verificar facilmente quais apps estão conectados à sua conta.

É uma situação complicada e os profissionais envolvidos terão que suar muito se quiserem tornar o Facebook great again.

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