Chip cerebral já tem nova bateria: o próprio cérebro
MIT desenvolve uma usina elétrica movida a glicose. É o passo que faltava para implantes cerebrais sem bateria
Maurício Horta
Empresas como a americana BrainGate pesquisam uma interface direta entre cérebro e computador: implantes cerebrais. Com eles, a internet se tornaria uma extensão da mente, e qualquer smartphone seria posto no chinelo. Mas de onde viria a eletricidade para esses chips? Pesquisadores do MIT encontraram uma resposta: uma célula de silício que obtém corrente elétrica de moléculas de glicose no líquido cefalorraquidiano, que envolve o cérebro e a medula. O objetivo inicial é que ela alimente implantes que comandarão os membros de pacientes com lesões na coluna.
A ideia de usar a glicose como combustível de implantes surgiu na década de 1970. Na época, buscava-se uma fonte de energia para marca-passos. Só que a corrente obtida era irrisória, e a glicose foi substituída pela bateria de lítio. Desde então, duas coisas importantes mudaram: as enzimas usadas naquela época para quebrar a glicose foram substituídas por catalisadores de platina, que não se desgastam, e estamos próximos de desenvolver chips que exigem correntes elétricas muito baixas. Isso significa um passo a mais para a recuperação da visão, da audição, da memória em pacientes de Alzheimer e até da qualidade de vida em quem sofre de estresse pós-traumático. E outro passo para fazer buscas do Google num simples pensamento.