A última revolução de Steve Jobs está se tornando realidade
A habilidade de pensar diferente fez dele um dos maiores visionários da história. Agora, seu último projeto está na reta final
Se você estiver lendo este texto na tela sensível ao toque de um celular ou tablet, pode agradecer a Steve Jobs. Mesmo se seu aparelho não for da Apple, é a ele e a seu time de gênios perfeccionistas que devemos uma das revoluções mais recentes da tecnologia de computação pessoal – o smartphone. Não que o iPhone, lançado em 2007, tenha sido o primeiro deles. E, certamente, não foi o mais barato. Mas o aparelho sem teclas, de design minimalista e interface amigável praticamente criou o conceito de computador de palma da mão com o qual estamos acostumados. Hoje em dia, fazer ligação é apenas mais uma das funções de um celular. E nem é uma das mais importantes.
Esses e outros avanços proporcionados pelo gênio da tecnologia são o tema da exposição Steve Jobs, o visionário, que fica em cartaz no Museu da Imagem e do Som (MIS), em São Paulo, até 20 de agosto. Patrocinada pelo Bradesco, a mostra explora facetas da vida profissional e pessoal de Jobs. E lembra que seu legado não tem fim – até porque nem todas as suas criações estão completas.
De fato, enquanto você lê esta matéria ou visita a exposição, um novo lançamento ambicioso da Apple caminha para se tornar realidade. O último projeto de Steve Jobs não é um tablet revolucionário, nem um relógio capaz de resolver seus problemas existenciais. Em uma de suas últimas aparições públicas, em 2011, Jobs participou de uma reunião municipal em Cupertino, na Califórnia, para falar da construção do Apple Park, um complexo gigantesco onde funcionaria a sede da empresa. Ele não viveu para ver de pé o inacreditável prédio circular erguido com vidro e concreto no meio do Vale do Silício. Mas, calculista como sempre foi, provavelmente já tinha uma boa ideia sobre como ficaria o projeto na vida real.
iPrédio
Desde o mês de abril, os 12 000 funcionários da Apple começaram o processo de mudança para o Apple Park – ainda em obras. Iniciado em 2013, o complexo, que, além dos postos de trabalho, também tem teatro, academia, pomares e tudo o mais que podemos imaginar num ambiente de trabalho descolado, custou pelo menos 5 bilhões de dólares. O plano era reunir num lugar só toda a equipe administrativa e criativa da Apple, que se espalhava por outros prédios sem um décimo do charme desse complexo de edifícios, no mesmo Vale do Silício.
É claro que o novo prédio não poderia ser qualquer um. Ele tem 260 000 metros quadrados, foi erguido com as maiores estruturas de vidro curvas do mundo, tem um sistema de abastecimento de energia próprio à base de luz solar e foi todo projetado para que o funcionário nem precise sair de lá. Praticamente um iPhone, que eliminou a necessidade de andarmos por aí com mais do que um aparelho no bolso.
O Apple Park resume a filosofia que Steve Jobs sempre procurou imprimir em seus produtos. Quem usa algo da Apple tem a noção de que tem nas mãos um dos melhores aparelhos do mercado. Mesmo as produções um pouco mais baratas da maçã entregam um desempenho acima da média, que vem com uma garantia de qualidade e, mais do que isso, de status. Em 2017, o valor de marca da Apple ficou um pouquinho abaixo do montante conquistado pelo Google (107,1 contra 109,4 bilhões de dólares). Mas qualquer especialista em tecnologia dirá que é inútil comparar as duas gigantes. Com uma cartela muito diferente de produtos, Google compete em porções do mercado que a Apple simplesmente não tem pretensão de ocupar.
Pensando diferente
O segredo de Steve Jobs sempre foi buscar as aspirações de seus consumidores, sem jamais se deixar limitar pelo poder aquisitivo médio das pessoas. Fazer produtos caros demais já foi considerado um erro estratégico de Jobs. Alguns de seus primeiros computadores, como o Lisa, de 1983, empacaram no mercado justamente por causa da cifra elevada. Era um caso de anacronismo. Por maior que fosse a qualidade de um produto, tecnologia naquela época era coisa para um tipo muito específico de nerd. Pagar 10 000 dólares num computador sem saber todas as suas configurações era desperdício.
Hoje, não. Você sabe qual o processador que faz seu smartphone funcionar? Sabe explicar direitinho a diferença que faz 1 giga a mais na memória RAM de uma máquina? Entende de placa de vídeo, de funcionamento de banda, de capacidade de microfone? Atualmente, os números altos na descrição técnica de um aparelho podem até ajudar a justificar o preço, mas o consumidor médio não está nem aí para gigabytes e gigahertz. Ele só quer que o aparelho funcione direitinho sem travar. É por isso que o iPhone emplacou sem que fosse possível nem retirar a bateria do aparelho.
Steve Jobs estava interessado em ideias, em curvas elegantes, em resultados impressionantes aos olhos (mesmo que fossem dolorosos para a conta bancária). Para ele, o que interessava era a experiência, não as minúcias tecnológicas por trás da telinha do smartphone. Ao longo de quatro décadas, foi preciso que um sujeito pensasse diferente dentro e fora da Apple para que pudéssemos ter tantas revoluções ao alcance de nossos dedos.
A origem da revolução
No auge do sucesso de Steve Jobs – nos cinco anos entre o lançamento do iPhone e a morte do empresário –, muito se falou sobre o que motivava a maneira tão descolada com que ele conceituava seus produtos. Nos filmes e biografias lançados ao longo da década, ficou claro que as revoluções de Jobs tinham a ver com sua trajetória de vida. Sua busca pessoal pelos pais biológicos, sua viagem à Índia, sua relação com a filha, seus passos em falso, tudo isso ajuda a compreender melhor seu jeito controverso de lidar com o trabalho – extremamente rígido e focado em resultados. Quem mora em São Paulo ou vai passar pela cidade entre os dias 15 de junho e 20 de agosto poderá ver de perto alguns capítulos dessa trajetória. A exposição Steve Jobs, o visionário, no Museu da Imagem e do Som, mostra fotos, reportagens, objetos pessoais e relíquias tecnológicas que marcaram a vida do fundador da Apple.
SERVIÇO
Steve Jobs, o visionário
Patrocinada por Bradesco
Data: 15 de junho a 20 de agosto
Local: Museu da Imagem e do Som (MIS). Avenida Europa, 158, Jardim Europa, São Paulo. Telefone: (11) 2117-4777
Horário: 11h às 20h (terça a sexta-feira/permanência até 21h); 10h às 21h (sábados/permanência até 22h); e 10h às 19h (domingos e feriados/permanência até 20h)
Ingressos: online, R$ 18,00 (inteira) e R$ 9,00 (meia) pelo site Ingresso Rápido. No local, R$ 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (meia) – a bilheteria abre uma hora antes da visitação
Classificação etária: livre