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Três pessoas (que não mataram ninguém) com pena maior que a dos policiais condenados no caso Amarildo

Na Justiça brasileira, furtar pode ser mais perigoso do que torturar e matar.

Por Felipe Germano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 19h04 - Publicado em 2 fev 2016, 19h00

No dia 14 de Julho de 2013, o pedreiro Amarildo de Souza desapareceu. Depois dessa data, ele nunca mais foi visto, isso por que tudo indica que Amarildo passou por uma sessão de torturas dentro da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), localizada na comunidade da Rocinha, no Rio de Janeiro – onde morava. O homem não teria resistido e teve seu corpo ocultado pelos policiais que ali trabalhavam. Os agentes negam. De acordo com a versão dos envolvidos, Amarildo foi parado para uma averiguação, mas liberado logo depois. Não convenceu. A Juíza Daniela Prado, da 35ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, julgou o caso e considerou que 12 dos 25 policiais eram culpados. Em sua sentença, a juíza afirma que a ação foi uma “covardia, a ilegalidade, o desvio de finalidade e abuso de poder exercidos pelos réus”. As penas que variam entre 13 anos (dada a Edson Santos, o comandante da UPP) até 10 anos (dada a soldados envolvidos no caso).

Acontece que outros crimes brasileiros receberam penas muito maiores do que a desse assassinato que virou símbolo da violência policial. Ras Geraldo é um exemplo. Ele é fundador da primeira igreja rastafári do Brasil. Em maio de 2013, Geraldo foi preso por conta dos 37 pés de maconha encontrados na sede da igreja – uma chácara em Americana (SP)-. Apesar de clamar que a droga tinha fins apenas religiosos, a polícia o acusou por tráfico de drogas, e a Justiça condenou ele a 14 anos de reclusão.

LEIA: Já existe pena de morte no Brasil

Ras não é exatamente uma exceção. João Maria Ribeiro, conhecido como Danga, é outra pessoa que vai ficar mais tempo na cadeia do que os policiais. João foi preso por roubar e furtar carros em Correia Pinto, cidade de Santa Catarina. Apesar de não contar com nenhum homicídio, ou tortura, em sua ficha criminal, o homem foi condenado a 16 anos de reclusão. Foi parar na penitenciária de São Cristóvão do Sul, fugiu em 2012, mas um ano depois foi recapturado.

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Outra pessoa que tem uma pena superior aos dos condenados pelo caso Amarildo é Antônio Jussivan Alves dos Santos, também conhecido como Alemão. Talvez o nome não te traga nenhuma lembrança, mas até personagem de filme ele já virou. Antônio é tido como o mentor do assalto ao banco central de Fortaleza. O crime, feito de maneira furtiva e não acarretando nenhuma vítima, culminou em um roubo 164,7 milhões de reais. Alemão foi preso em 2008, três anos após a ação, e condenado a 49 anos de cadeia. Em 2012, sua pena foi revista a abaixou para 35 anos, mas ele não teve muito tempo para ficar feliz. A Polícia Federal condenou Antônio a mais 80 anos de reclusão pela lavagem de dinheiro usando a grana roubada. No total, ele teria que ficar 116 anos na prisão.

Apesar do julgamento, os condenados no caso Amarildo ainda podem recorrer.  

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