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Rap engajado – e mirim

Conheça a história e o projeto da Mc Soffia, vencedora na categoria Revelação, no Prêmio CLAUDIA 2017

Por Giuliana Bergamo, editado por Abril Branded Content
6 nov 2017, 12h42

O Prêmio CLAUDIA não é exatamente um evento artístico. Também não fala de sonhos sem lastro, mas de projetos realizados. Sua essência é a boa reportagem, que, ao longo dos últimos 22 anos, tem descoberto e promovido brasileiras que batalham para construir ou consertar o país. Na grande festa de premiação, porém, o jornalismo ganha tons de arte e contagia. Na noite de 2 de outubro, 1,1 mil pessoas estiveram na Sala São Paulo, na capital paulista, para conhecer o perfil e a obra de 24 finalistas e acompanhar de perto o anúncio dos nomes vencedores.

A seguir, conheça a história da estudante Soffia Gomes, 19 anos, premiada na categoria Revelação.

O sucesso de Soffia Gomes da Rocha Gregório Correa, conhecida como Mc Soffia, foi lapidado no útero. Sua mãe, a produtora cultural e estudante de direito Kamilah Pimentel, ficou grávida ainda na adolescência, aos 17 anos. Na época, já frequentava o movimento negro das periferias de São Paulo. Quando a filha nasceu, passou a levá-la consigo para as rodas de debate e eventos. Logo a menina começou a participar de oficinas. Foi na de hip hop, aos 6 anos, que descobriu sua vocação. “Quero cantar”, disse. Desde então, com a ajuda da mãe e da avó materna, que confecciona bonecas negras de pano, tem composto e cantado raps com a temática do empoderamento feminino e, principalmente, negro.

Soffia conta que, quando ainda mais jovem – hoje ela tem 13 anos –, queria ser branca. “Eu assistia à televisão e só tinha gente diferente de mim. Não gostava daquilo, buscava identificação.” Atualmente, seu objetivo com a música é justamente garantir que crianças como ela não corram o risco de desejar ser quem não são, apenas por falta de exemplos semelhantes. Menina Pretinha, uma de suas canções mais famosas, incentiva garotas negras a assumir sua cor, seu cabelo, sua origem africana. Diz assim: “Menina pretinha/Exótica não é linda/Você não é bonitinha/Você é uma rainha”. Outra, Brincadeira de Menina, combate o machismo no universo infantil: “Dizem que menina não empina pipa no sol/Quem criou a regra que ela não joga futebol?/ Que negócio é esse, brincadeira de menina?/As minas fazem tudo, até mandar umas rimas”.

Embora ainda não tenha gravado um disco, sua carreira está em ascensão. Já se apresentou ao lado dos Racionais MC’s e de Karol Conka no ano passado, durante a Olimpíada. Também fez um show de plateia grande, no aniversário da cidade de São Paulo, em 2012, no Vale do Anhangabaú. Boa parte do público está na internet também. Seu canal no YouTube tem 31 mil inscritos. São, sobretudo, meninas negras e adolescentes como a Mc. “Minha grande realização é quando outras garotas vêm contar para mim que assumiram seu cabelo depois de ouvir minhas músicas. Isso é fantástico”, diz, com sorriso aberto no rosto.

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