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Polícia francesa investiga gangue internacional de ladrões de Lego

Escondam os seus bloquinhos! Conjuntos raros da empresa dinamarquesa podem valer milhares de dólares – e agora despertam o interesse de criminosos.

Por Rafael Battaglia
Atualizado em 13 mar 2024, 16h11 - Publicado em 9 abr 2021, 17h37

Em junho de 2020, policiais franceses prenderam três pessoas após um roubo a uma loja de brinquedos em Yvelines, nos arredores de Paris. Os suspeitos, dois homens e uma mulher, não foram atrás da caixa registradora do local – mas sim de caixas de Lego.

O caso, apesar de inusitado, havia passado despercebido até agora. Mas no final de março deste ano, a polícia francesa anunciou que está montando uma investigação contra uma gangue internacional especializada, justamente, em contrabandear Lego – e alertou lojas especializadas, pais e entusiastas adultos sobre o caso.

Peças valiosas

“Ora, por que roubar pecinhas de plástico?”, você pode estar se perguntando. Acontece que faz tempo que os conjuntos de Lego não são apenas brinquedos de criança. Na verdade, há uma engajada comunidade de milhares de fãs ao redor do mundo, com artistas que ganham a vida construindo esculturas com os tijolinhos, projetos de financiamento coletivo e até o lançamento oficial de modelos criados originalmente pelos AFOLs – sigla que batiza o fandom e significa adult fan of Lego (“fã adulto de Lego”).

(Inclusive, foram os fãs da Lego que salvaram a empresa da pindaíba no começo dos anos 2000. A companhia quase foi à falência, mas hoje segue firme e forte: uma recente pesquisa de uma empresa de monitoramento digital mostrou que ela é uma das marcas mais amadas do mundo.)

Parte dessa comunidade Lego é composta por pessoas interessadas em comprar e vender conjuntos de peças raros e exclusivos. E se você acha que marmanjos só se reúnem em pracinhas em época de Copa do Mundo para trocar figurinha, a parada aqui está longe de ser amadora.

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Para começar, existe o BrickLink, uma espécie de Mercado Livre 100% voltada a Lego com mais de 16 mil sets de peças, 13 mil minifigures (os mini-bonecos) e 36 mil MOCs à venda. “MOC” é a sigla em inglês para “minha própria criação” – Legos projetados pelos próprios fãs com o aval da empresa. Além disso, o site BrickEconomy é a bolsa de valores dos tijolinhos, e acompanha a oscilação do preço dos produtos – que valorizam à medida que se tornam mais exclusivos, naturalmente.

Um exemplo: em 2007, a Lego lançou um conjunto chamado Café Corner por cerca de R$ 1 mil (considerando valores atuais). No ano passado, um set desse modelo foi vendido por quase R$ 17 mil – uma valorização de 1.700%. Ou seja: quem estiver no clima de estudar esse mercado exótico consegue faturar uma grana com as pecinhas.

A investigação

De volta à França: os três indiciados pelo roubo em Yvelines vieram todos da Polônia. Em interrogatório, eles confessaram fazer parte de uma quadrilha especializada em contrabandear produtos Lego cobiçados por colecionadores. Eles são reincidentes: foram denunciados pela primeira vez na França em novembro de 2019, e novamente, em fevereiro de 2020.

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De acordo com os investigadores, os ladrões vão para o país, se instalam em um hotel em Paris e voltam para a Polônia com a mercadoria adquirida. Bastou a investigação começar para que as autoridades francesas também recebessem reclamações de pessoas que tiveram suas casas invadidas – e conjuntos de Lego roubados.

E veja só: os roubos não acontecem apenas na França. Vários saques de Lego foram relatados em países como Estados Unidos, Canadá e Austrália só nos últimos cinco anos. Em 2005, a polícia de San Diego, na Califórnia, prendeu um grupo de mulheres que havia roubado quase US$ 240 mil (R$ 1,3 milhão) em peças Lego.

O comércio entre fãs de Lego aumentou nos últimos anos – a pandemia, que trancou todo mundo em casa, aumentou a procura pelas peças. Ao jornal britânico The Guardian, o especialista Gerben van IJken explicou que, além de possuir muitas linhas premium, a empresa costuma retirar algumas de suas coleções do mercado dois anos após o lançamento – o que dá um gás no mercado paralelo. O problema é que o interesse dos larápios aumenta junto.

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Então, já sabe. Se você tem sets como esta Estrela da Morte Ultimate Colector Series da saga Star Wars (que sai pela bagatela de R$ 5 mil) dando sopa em casa, atenção redobrada. Não que isso seja lá a coisa mais comum do mundo mas… Vai que?

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