Os orixás mais populares do Brasil
Conheça as 12 divindades do candomblé brasileiro. Há 5 mil anos, os orixás representam homens e mulheres com capacidade de alterar o curso da natureza
Atualmente no Brasil são cultuados apenas 12 orixás. Já foram 16: quatro deles (Obá, Logunedé, Ewa e Irôco) há algum tempo só se manifestam em ocasiões bissextas, basicamente em festas e rituais específicos. Um número pequeno, diante dos mais de 200 existentes na África Ocidental, a célula mater dessas divindades.
Reza a tradição que os deuses dos terreiros têm origem nos clãs africanos, divinizados há mais de 5 mil anos. A história que se conta é que eles foram inspirados em homens e mulheres capazes de intervir nas forças da natureza por meio de caça, plantio, uso de ervas na cura de doenças e fabricação de ferramentas. Os orixás têm características humanas, virtudes e defeitos: podem ser vaidosos, temperamentais, ciumentos, maternais. Os atributos, quase sempre, têm um paralelo com o meio ambiente.
A equivalência entre os orixás e os santos da Igreja Católica surgiu no período colonial, com a chegada ao Brasil dos primeiros africanos de origem iorubá, povo que habitava a região atual de Nigéria, Benin e Togo. Adeptos do candomblé, eles eram proibidos de adorar suas divindades porque a religião oficial do País era o catolicismo. Para driblar a censura, os negros criaram a associação e seguiam assim praticando sua fé. Por isso, o sincretismo pode variar de acordo com a região do Brasil.
Assim como o candomblé, a umbanda também cultua os orixás. Mas os umbandistas representam essas divindades com imagens diferentes, além de cultuarem outros três espíritos, o preto velho, o caboclo e a pombagira – nenhum deles aparece no candomblé.
Confira, a seguir, “os doze do candomblé”:
Iemanjá
Considerada a deusa dos mares e oceanos. É a mãe de todos os orixás e representada com seios volumosos, simbolizando a maternidade e a fecundidade.
Personalidade
Maternal e tranquila
Elemento
Água
Símbolo
Leque, espada e espelho
Colar
Transparente, verde ou azul-claro
Roupas
Branco e azul
No sincretismo
Nossa Senhora, Nossa Senhora dos Navegantes ou Nossa Senhora da Glória
Dia da semana
Sábado
Oferendas
Feijoada, xinxim e inhame
Sacrifícios
Cabra, galinha e porco
Xangô
Deus do fogo e do trovão. Diz a tradição que foi rei de Oyó, cidade da Nigéria. É viril, violento e justiceiro. Castiga mentirosos e protege advogados e juízes.
Personalidade
Atrevido e prepotente
Elemento
Fogo
Símbolo
Machado duplo (oxé)
Colar e roupas
Branco e vermelho
No sincretismo
São Jerônimo, Santo Antônio, São Pedro, São João Batista, São José e São Francisco de Assis
Dia da semana
Quarta
Oferendas
Amalá (quiabo com camarão seco e dendê)
Sacrifícios
Galo, pato, carneiro e cágado
Iansã
Deusa dos ventos e das tempestades. É a senhora dos raios e dona da alma dos mortos.
Personalidade
Impulsiva e imprevisível
Elemento
Fogo
Símbolo
Espada e rabo de cavalo (representando a natureza)
Colar
Vermelho ou marrom-escuro
Roupas
Vermelho
No sincretismo
Santa Bárbara
Dia da semana
Quarta
Oferendas
Milho branco, arroz, feijão e acarajé
Sacrifícios
Cabra e galinha
Oxóssi
Deus da caça. É o grande patrono do candomblé brasileiro.
Personalidade
Intuitivo e emotivo
Elemento
Florestas
Símbolo
Rabo de cavalo e chifre de boi
Colar
Branco rajado e verde
Roupas
Azul ou verde-claro
No sincretismo
São Sebastião
Dia da semana
Quinta
Oferendas
Peixe, milho branco e amarelo
Sacrifícios
Galo avermelhado, bode avermelhado e porco
Ogum
Deus da guerra, do fogo e da tecnologia. No Brasil é conhecido como deus guerreiro. Sabe trabalhar com metal e, sem sua proteção, o trabalho não pode ser proveitoso.
Personalidade
Tímido e vingativo
Elemento
Terra
Símbolo
Espada
Colar
Azul-marinho
Roupas
Azul (com verde-escuro, vermelho ou amarelo)
No sincretismo
Santo Antônio e São Jorge
Dia da semana
Terça
Oferendas
Farofa com dendê, feijão, inhame, água, mel e aguardente
Sacrifícios
Galo avermelhado e bode avermelhado
Oxum
Deusa das águas doces (rios, fontes e lagos). É também deusa do ouro, da fecundidade, do jogo de búzios e do amor.
Personalidade
Maternal e tranquila
Elemento
Água
Símbolo
Abebê (leque espelhado)
Colar e roupas
Amarelo-ouro
No sincretismo
Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora Aparecida e Nossa Senhora das Candeias
Dia da semana
Sábado
Oferendas
Milho branco, xinxim de galinha, ovos, peixes de água doce
Sacrifícios
Cabra, galinha e pomba
Exu
Mensageiro entre os homens e os deuses, guardião da porta da rua e das encruzilhadas. Só por meio dele é possível invocar os orixás.
Personalidade
Atrevido e agressivo
Elemento
Fogo
Símbolo
Ogó (um bastão adornado com cabaças e búzios)
Colar e roupas
Vermelho e preto
No sincretismo
Santo Antônio
Dia da semana
Segunda
Oferendas
Farofa com dendê, feijão, inhame, água, mel e aguardente
Sacrifícios
Bode e galo preto
Omulu (ou Obaluiaiê)
Deus da peste das doenças da pele. É o médico dos pobres.
Personalidade
Tímido e vingativo
Elemento
Terra
Símbolo
Xaxará (feixe de palha e búzios)
Colar
Preto, branco e vermelho
Roupas
Vermelho e preto (tudo coberto de palha)
No sincretismo
São Lázaro e São Roque
Dia da semana
Segunda
Oferendas
Pipoca, feijão preto, farofa e milho – tudo regado a dendê
Sacrifícios
Galo, pato, bode e porco
Nanã
Deusa da lama e do fundo dos rios, associada à fertilidade, à doença e à morte. É a orixá mais velha de todos e por isso muito respeitada.
Personalidade
Vingativa e mascarada
Elemento
Terra
Símbolo
Ibiri (cetro de palha e búzios)
Colar
Branco, azul e vermelho
Roupas
Branco e azul
No sincretismo
Sant’Ana
Dia da semana
Sábado
Oferendas
Milho branco, arroz, feijão, mel e dendê
Sacrifícios
Cabra e galinha
Ossaim
Deus das folhas e ervas medicinais. Conhece seus usos e as palavras mágicas (ofós) que despertam seus poderes.
Personalidade
Instável e emotivo
Elemento
Matas
Símbolo
Lança com pássaros na forma de leque e feixe de folhas
Colar
Branco rajado e verde
Roupas
Branco e verde-claro
No sincretismo
São Roque
Dia da semana
Quinta
Oferendas
Feijão, arroz, milho vermelho e farofa de dendê
Sacrifícios
Galo e carneiro
Oxumaré
Deus da chuva e do arco-íris. É, ao mesmo tempo, de natureza masculina e feminina. Transporta a água entre o céu e a terra.
Personalidade
Sensível e tranquilo
Elemento
Água
Símbolo
Cobra de metal
Colar
Amarelo e verde
Roupas
Azul-claro e verde-claro
No sincretismo
São Bartolomeu
Dia da semana
Quinta
Oferendas
Milho branco, acarajé, coco, mel, inhame e feijão com ovos
Sacrifícios
Bode, galo e tatu
Oxalá
Deus da criação. É o orixá que criou os homens. Obstinado e independente, é representado de duas maneiras: Oxaguiã, jovem, e Oxulafã, velho.
Personalidade
Equilibrado e tolerante
Elemento
Ar
Símbolo
Oparoxó (cajado de alumínio com adornos)
Colar e roupas
Branco
No sincretismo
Jesus Cristo
Dia da semana
Sexta
Oferendas
Milho branco, xinxim de galinha, ovos e peixes de água doce
Sacrifícios
Cabra, galinha, pomba, pata e caracol
Calendário de festas
Janeiro
Festa de Oxalá (coincide com a festa do Bonfim, em Salvador), no segundo domingo depois do Dia de Reis, 6 de janeiro.
Abril
Feijoada de Ogum e festa de Oxóssi (associado a São Sebastião), em qualquer dia.
Junho
Fogueiras de Xangô (associado a São João e São Pedro), dias 25 e 29.
Agosto
Festa para Obaluaiê (associado a São Lázaro e São Roque) e festa de Oxumaré (associado a São Bartolomeu), em qualquer dia.
Setembro
Começa um ciclo de festas chamado Águas de Oxalá, que pode seguir até dezembro. Festa de Erê, em homenagem aos espíritos infantis (associados a São Cosme e Damião). Festa das iabás (esposas de orixás) e festa de Xangô (associado a São Jerônimo), em qualquer dia.
Dezembro
Festas das iabás Iansã (Santa Bárbara), dia 4, Oxum e Iemanjá (associadas a Nossa Senhora da Conceição), dia 8. Iemanjá também é homenageada na passagem de ano.
Quaresma
O encerramento do ano litúrgico acontece durante os 40 dias que antecedem a Páscoa, com o Lorogun, em homenagem a Oxalá.