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Olimpíadas: 7 soluções sustentáveis dos Jogos de Paris

Piscina aquecida por data center, camas de papelão e cardápio mais vegetariano são algumas das estratégias para cortar pela metade as emissões de carbono desta edição do evento. Confira.

Por Bela Lobato
24 jul 2024, 14h00

Foi na capital francesa que, em 2015,  líderes mundiais se reuniram para assinar uma série de compromissos para evitar que as temperaturas globais subam mais de 1,5ºC. Agora, a cidade recebe os Jogos Olímpicos de 2024, e promete que, pela primeira vez, o evento mundial ocorrerá de acordo com as diretrizes do Acordo de Paris. A meta é emitir, no máximo, metade do carbono emitido pelos eventos anteriores.

Em geral, essa retrospectiva desconsidera as Olimpíadas de Tóquio, que não teve público por conta da pandemia de coronavírus, e por isso, teve emissões abaixo da média. Mas os Jogos realizados no Rio em 2016 e em Londres em 2012 soltaram, em média, 3,5 milhões de toneladas de carbono na atmosfera cada.

A organização prevê emitir no máximo 1,75 mlhão de toneladas. É a primeira vez que o Comitê Olímpico (COI) leva em conta no cálculo do impacto ambiental as emissões indiretas, como as geradas pelas viagens de espectadores.

Veja na lista abaixo 7 exemplos de soluções de sustentabilidade nos Jogos de Paris (uma delas muito polêmica!).

1 – Vila Olímpica adaptada

Grande parte dos móveis da Vila Olímpica são feitos com materiais reciclados e reutilizados: as mesas de cabeceira levam materiais de petecas; os colchões, restos de redes de pesca. Embora tenham sido acusadas de fazerem parte de uma estratégia ‘antissexo’ na Vila Olímpica, as polêmicas e supostamente frágeis camas de papelão reforçado também foram parte das medidas mais ecológicas.

(Uma trend de vídeos no TikTok, feita pelos próprios atletas olímpicos, tem mostrado que as camas são resistentes – e que aguentariam um nheco-nheco, diga-se.)

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Além dos painéis solares, os telhados têm aberturas para abrigar insetos e pássaros. Com o plantio de cerca de 9 mil árvores ao redor da Vila, espera-se que o local também seja casa de uma variedade de espécies.

Depois dos Jogos, a Vila Olímpica se tornará um novo bairro residencial e empresarial, oferecendo moradias acessíveis e espaços de trabalho para 6 mil pessoas, com uma porcentagem dos apartamentos reservada para se tornarem moradias populares para pessoas de baixa renda.

2 – Destinação para objetos após os Jogos

Já pensou na quantidade de objetos que o Comitê Olímpico precisa providenciar para que os atletas possam morar na Vila Olímpica e para que os eventos esportivos possam acontecer tranquilamente? São milhares de pequenas coisas, desde travesseiros até cabos eletrônicos.

O COB afirma ter otimizado essa lista e reduzido a quantidade em 25% em comparação com os Jogos anteriores. Com isso, são 620 mil objetos, entre eles 180 mil cabides, 16 mil camas e mesas de cabeceira, 6 mil suportes para rolos de papel higiênico, 1,4 mil micro-ondas, 7 mil escovas de banheiro e 2,2 mil guarda-sóis.

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Segundo o Comitê, cada um desses objetos foi cuidadosamente inventariado e todos serão destinados para revenda, recuperação ou doação após o evento.

Dos dois milhões de equipamentos esportivos, 75% serão alugados ou fornecidos por federações esportivas. A maioria dos equipamentos eletrônicos, arquibancadas, tendas e bangalôs também serão alugados.

3 – Conectar os eventos na rede central de energia elétrica

A eletricidade e o consumo de gás natural representarão menos de 1% do impacto ecológico dos Jogos, de acordo com estimativas oficiais.

Ao conectar todos os espaços de evento à rede de energia elétrica francesa, os organizadores ficam menos dependentes de geradores avulsos, que geralmente usam o diesel e geram muitas emissões de gases. Os poucos geradores que terão de ser usados serão alimentados por biocombustível, hidrogênio ou bateria.

Parte da energia dos Jogos virá de painéis solares, que estão posicionados em telhados da Vila Olímpica, flutuam sobre a superfície do Sena e estão suspensos sobre o novo estádio aquático.

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O restante virá da rede elétrica francesa, que é dominada pela energia nuclear e produz algumas das emissões mais baixas da Europa. Os organizadores olímpicos afirmam ter feito um acordo com a empresa nacional de energia elétrica francesa Électricité de France (EDF) para comprar energia renovável equivalente ao consumo dos Jogos.

4 – Reutilizar construções que já existiam

Os Olimpíadas em Londres em 2012 exigiram a construção de seis novos estádios. No Rio, foram dez novos locais permanentes e sete temporários. Em Paris, foi preciso construir do zero apenas dois novos locais. A maioria da infraestrutura será aproveitada do que já foi usado para outros eventos esportivos.

Os únicos dois novos prédios – um centro aquático e uma arena para badminton e ginástica rítmica – foram construídos com materiais de baixo consumo de carbono, e levando em conta a ventilação e iluminação naturais sempre que possível.

Por exemplo: do total de 5 mil assentos de arquibancadas que tiveram que ser criados, 3 mil foram inteiramente fabricados na França, com 30 toneladas de plástico coletado e reciclado localmente.

5 – Alimentação rica em vegetais produzidos localmente

Durante os 16 dias de evento, a organização servirá 13 milhões de refeições, entre espectadores, atletas e trabalhadores. A meta é que as refeições tenham a metade das emissões de carbono de uma refeição francesa média. Para isso, o cardápio contém mais ingredientes à base de vegetais e opções vegetarianas para todos. Segundo o COI, 80% dos ingredientes serão provenientes da produção agrícola local, com um quarto produzido em um raio de 250 km de onde serão consumidos.

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Além disso, o Comitê afirma que também conduz medidas para reduzir o desperdício, estimando melhor as quantidades e destinando os restos para compostagem.

6 – Reduzir o consumo de plásticos descartáveis

Um dos pontos mais importantes e polêmicos é a redução do uso de plástico. O COI afirma que todos os pratos, copos e talheres serão laváveis e reutilizáveis após os jogos.

A Coca-Cola, que é uma das principais patrocinadoras dos Jogos, instalou 700 bebedouros de água e refrigerantes em todos os locais, e os organizadores instalaram pontos de água potável gratuitos. Os espectadores poderão entrar em todos os locais com suas próprias garrafas reutilizáveis, uma exceção notável aos regulamentos franceses existentes.

Mesmo assim, segundo o jornal francês Vakita, com base em documentos sigilosos da Coca-Cola, embora possam ser distribuídas em copos reutilizáveis, mais de 66% das milhões de bebidas vendidas pela Coca-Cola virão de garrafas pet. Outro jornal francês, o Le Monde, aponta que 40% das vendas da empresa ainda serão em recipientes plásticos de uso único.

De acordo com o relatório de 2023 da organização não governamental Break Free From Plastic, a Coca-Cola é a maior poluidora de plástico do mundo. Mais de 100 atletas assinaram uma carta aberta pedindo à Coca-Cola e à Pepsi que parem de vender garrafas plásticas de uso único e promovam produtos reutilizáveis. Entre os que assinaram, os únicos brasileiros são Guilly Brandão e Marcos Silva, ambos atletas do kitesurfing.

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7 – Esquentar as piscinas com a energia liberada por um datacenter

Se o seu computador esquenta ao abrir dois vídeos ao mesmo tempo, pense no calor gerado por data centers: locais que reúnem servidor de computadores enormes, onde milhares de processos acontecem remotamente. A empresa Equinix vai “exportar” a energia térmica gerada em seu data center em Paris para aquecer as piscinas onde ocorrerão as provas dos Jogos.

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