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Distrito Federal é o lugar onde mais se faz exercício no Brasil

Estudo da ONU mostra como a desigualdade social do Brasil afeta a prática de exercícios físicos no país

Por Talita Abrantes, de Exame.com
6 out 2017, 12h40

Se você é homem, branco, tem uma renda superior a 5 salários mínimos, ensino superior completo e, por óbvio, não sucumbe à preguiça, é bem provável que faça parte do seleto grupo de brasileiros que praticam exercícios físicos rotineiramente. E, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), esse é mais um dos vários sintomas da desigualdade social que pauta a vida no Brasil.

De acordo com estudo divulgado nesta segunda (25) pelo Programa das Nações Unidas, 37,9%* dos brasileiros se envolveram com a prática de algum esporte pelo menos uma vez em 2015.

Entre aqueles cuja renda é igual ou superior a 5 salários mínimos, a proporção sobe para 60% — esse grupo pratica esportes 71% mais do que a média dos adultos no Brasil. A proporção é de 56,7% para quem tem ensino superior completo e é de 17% entre aqueles que não têm instrução formal.

Segundo o PNUD, a liberdade para a prática de exercícios físicos depende de três fatores: tempo livre, recursos financeiros e valor cultural da atividade física para a comunidade em que o indivíduo está inserido. Sem tempo, recursos ou valores que incentivem a prática de atividades físicas, a chance de uma pessoa se envolver com esse tipo de prática é menor.

“Os dados analisados reforçam a compreensão de que realizar atividades físicas não se restringe somente a uma decisão individual, mas é também produto de como a sociedade pauta a vida coletiva”, pondera o estudo.

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Em outros termos: de nada adianta fazer campanhas que incentivem a prática esportiva “sem criar oportunidades efetivas para as pessoas se engajarem com as práticas, nem enfrentar os condicionantes sociais que limitam o envolvimento”, diz o estudo.

Veja os números que mostram a proporção de pessoas que fazem exercícios físicos segundo o perfil:

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(Exame.com/Reprodução)
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Questões de gênero

Em geral, homens são mais propensos à prática de atividade física do que as mulheres. No entanto, quando se envolvem em uma atividade do tipo, as mulheres a fazem com mais frequência: 35% daquelas que estão envolvidas em algum esporte praticam exercícios de quatro a sete vezes por semana contra 27,3% dos homens.

Estados

O Distrito Federal é a única unidade da federação que foge da curva na prática de atividade física. Por lá, metade da população afirmou que se envolveu com exercícios físicos no último ano. Não por acaso, o Distrito Federal é a unidade com o maior índice de desenvolvimento humano do país.

UF Geral (%) Mulheres (%) Homens (%) IDHM (2010)
Distrito Federal 50,4 43,7 58,2 0.824
Rio Grande do Sul 44,0 38,1 50,4 0.746
Paraíba 42,7 37,8 48,1 0.658
Piauí 41,4 38,8 44,1 0.646
Amazonas 41,1 32,7 49,7 0.674
Mato Grosso do Sul 41,0 39,1 42,9 0.729
Rio Grande do Norte 40,6 36,2 45,6 0.684
Goiás 40,1 35,6 44,9 0.735
Minas Gerais 40,0 36,6 43,6 0.731
Santa Catarina 39,2 36,9 41,6 0.774
Roraima 38,9 37,5 40,3 0.707
Sergipe 38,7 35,8 42,0 0.665
Espírito Santo 38,6 36,0 41,5 0.74
Paraná 38,6 35,8 41,6 0.749
Maranhão 38,3 32,5 44,5 0.639
São Paulo 38,3 33,8 43,2 0.783
Amapá 37,6 28,4 47,0 0.708
Bahia 37,1 32,9 41,8 0.66
Acre 36,2 28,4 44,4 0.663
Pará 36,1 26,8 45,4 0.646
Ceará 34,7 31,0 38,8 0.682
Mato Grosso 34,7 33,0 36,4 0.725
Tocantins 33,1 30,5 35,6 0.699
Rio de Janeiro 31,9 26,5 38,3 0.761
Rondônia 31,7 28,4 35,1 0.69
Pernambuco 31,3 27,9 35,1 0.673
Alagoas 29,4 24,6 34,9 0.631
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Como mudar o quadro?

De acordo com o estudo, há uma alta “alta concentração do investimento privado” na promoção das atividades físicas no Brasil — o que corrobora para a desigualdade. Em 2013, as famílias investiram 51 bilhões de reais em esporte. No mesmo ano, os clubes investiram 4 bilhões de reais e as empresas, 2,13 bilhões de reais. O governo federal, em contrapartida, financiou apenas 590 milhões de reais no setor.

“As políticas de promoção de atividades físicas e esportivas não podem estar focadas somente na responsabilização individual e na mudança de comportamento. Diversas condições estruturais causam impacto nessa prática. Assim, as políticas devem corrigir desigualdades, bem como pensar em soluções sistêmicas, com ênfase na participação e no controle social”, diz o texto.

Este conteúdo foi publicado originalmente em Exame.com

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