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5 grupos curiosos que apoiam Donald Trump (e o porquê)

Entre os grupos que apoiam Trump há, além de motoqueiros, indianos e gays - mas sempre com um pensamento extremamente conservador.

Por Bruno Vaiano
Atualizado em 11 mar 2024, 13h23 - Publicado em 20 jan 2017, 13h56

Qual foi a última vez que você ouviu falar de um grupo de motoqueiros ultraconservadores fazendo as vezes de equipe de segurança em um evento lotado? Pois é, foi em 6 de dezembro de 1969, no infame show dos Rolling Stones na cidade de Altamont, nos Estados Unidos. No dia, que marcou o fim da década de 60 e do sonho hippie, os Hell’s Angel’s, abastecidos por LSD e um cachê de 500 L de cerveja, espancaram incontáveis fãs e mataram Meredith Hunter, rapaz que, também sob efeito de drogas, sacou uma arma e foi esfaqueado antes de apertar o gatilho. Trump, porém, não parece se abalar com o caso histórico.

Clubes de motociclistas

À sua posse, que começa às três da tarde no horário de Brasília, comparecerão em massa os membros do Bikers for Trump, um grupo de motoqueiros que é exatamente como você imaginou: grossas jaquetas de couro, escapamentos barulhentos e vontade de sobra de colaborar com a polícia na contenção de manifestantes democratas. Liderada por Chris Cox, essa fraternidade de eleitores sobre rodas surgiu em um piscar de olhos para apoiar a candidatura do empresário e reúne membros de grupos como os Defensores da Liberdade e a Guarda Patriótica de Motoqueiros.

Eles prometem que vem em paz. “Nós já ganhamos. Não há motivo para o meu pessoal partir para a agressão com o Black Lives Matter e o resto do pessoal que estará protestando”, afirmou Cox à CNN. “Esse é o tour da vitória.” As estatísticas, porém, intimidam. Segundo o próprio líder, 70% do Bikers for Trump é formado por ex-militares. E, em suas palavras, “nossa primeira linha de defesa será o diálogo e a diplomacia. Se não funcionar, aí a gente vê o que acontece.”

O grupo não é homogêneo. A Guarda Patriótica de Motoqueiros, por exemplo, tem um histórico pacífico e está mais à esquerda no espectro político do que seu inimigo número 1: a Igreja Batista de Westboro, que considera a morte de militares americanos no Iraque e no Afeganistão castigo divino por eles defenderem uma “nação gay”. Os religiosos organizam manifestações ofensivas nos funerais de soldados, bombeiros e outros heróis nacionais, e agradecem a Deus publicamente pela morte de cada um deles, símbolos de uma “América condenada”. Uma olhada no site oficial fica por sua conta e risco.  

Vale endossar que, ao contrário do show dos Stones, Trump não contratou os Bikers. Dessa vez, os motoqueiros estão indo por por livre e espontânea vontade.

Indianos nacionalistas

Na outra extremidade do espectro religioso (e do mapa), um grupo que não será diretamente beneficiado pela eleição do republicano está amando a ideia de vê-lo no poder. O Hindu Sena, que se traduz por algo como “exército hindu”, é uma organização indiana nacionalista sem fins lucrativos liderada por Vishnu Gupta. O político e ativista de direita, nascido em uma família pobre, não quer ver a poeira da rixa histórica com o vizinho islâmico Paquistão abaixar e, é claro, queimou uma porção de pôsteres de Hillary Clinton em outubro do ano passado.

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A manifestação de apoio ao presidente, que veio acompanhada de frases de efeito como “deixem Trump em paz”, foi uma reação à declaração de que, em seu mandato, o homem do topete seria simpático à Índia. O currículo de Gupta tem até uma prisão, considerada política por seus partidários — ele foi acusado de fazer uma denúncia falsa sobre um restaurante que estaria servindo carne bovina, prática proibida no país. Não havia nada próximo de um boi na cozinha do local, e a ligação foi considerada pela polícia local uma tentativa de criar intriga e tensão política.

O sindicato dos guardas de fronteira

Muro? É com eles mesmos. O Conselho Nacional de Patrulha da Fronteira (NBPC), fundado em 1967, declarou apoio oficial a um candidato à presidência pela primeira vez em sua história. Essa espécie de sindicato, que representa mais de 18 mil agentes de segurança, gostou das declarações de um dos secretários de Trump, que afirmou que, em seu mandato, as decisões sobre proteção de divisas seriam postas nas mãos de quem mais entende do assunto: os próprios guardas.

“Se nós não protegermos nossa fronteiras, comunidades americanas inocentes continuarão a sofrer nas mãos de gangues, cartéis e criminosos violentos”, afirmou Brandon Judd, presidente do grupo, em carta aberta. “Ele [Trump] irá abraçar as ideias e interesses de funcionários ordinários da patrulha de fronteira em vez de ouvir burocratas que dizem qualquer coisa que eles são programados para dizer. É uma mudança renovadora, algo que nunca vimos.”

Um grupo de ativistas gays conservadores

Chris Barron, que se considera um gay conservador e foi líder de um grupo chamado GOProud, se opôs ao empresário no começo de sua campanha, mas mudou de ideia após o massacre na boate Pulse, em Orlando, na Flórida, em junho do ano passado. Na ocasião, o segurança Omar Mateen, de 29 anos, jurou fidelidade ao Estado Islâmico e matou 49 pessoas, o maior crime de ódio contra a comunidade LGBT na história dos Estados Unidos.  

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Em uma carta aberta divulgada três dias após o incidente, Barron afirmou que a política externa de Hillary Clinton abre o país e põe os LGBT na mira de extremistas religiosos.

“Ela está cheia de tempo para crucificar os cristãos dos Estados Unidos por seu viés anti-gay”, afirmou em entrevista à CNN. “Mas agora que o ISIS está arremessando pessoas gays de prédios, tudo que eu espero de um amigo da comunidade LGBT é um pronunciamento sobre isso. Hillary Clinton parece incapaz de fazer isso.”

Em defesa de Trump, Barron lembra que o candidato já se pronunciou favoravelmente ao casamento gay, comentando o casamento do cantor e compositor Elton John com David Furnish em 2005: “Estou feliz por eles. Se duas pessoas se gostam, então elas se gostam”.

O governo do Sudão do Sul

O Sudão do Sul, nação mais jovem do mundo, declarou independência do antigo Sudão em 2011. É palco de violência étnica constante desde então, e sofre, desde 2013, com uma guerra civil. É considerado o segundo Estado mais frágil do mundo pela revista Foreign Policy e o Fund for Peace. Seu presidente, Salva Kiir, encheu a cúpula do poder de membros do exército local e não é exatamente amigável com jornalistas: “liberdade de imprensa não significa trabalhar contra o seu país. Se alguém ainda não sabe que esse país vai matar pessoas, nós vamos demonstrar”.

Um jornal local registrou em março de 2016 uma ligação telefônica amigável de Kiir para o então candidato republicano. Foram só dois minutos de conversa, em que ele declarou apoio ao empresário e lhe desejou boa sorte. Um assessor do governo do Sudão do Sul afirmou que o novo país só pode surgir com apoio da nação americana, e que por lá, a capacidade decisória, liderança e disponibilidade de ouvir dos republicanos é muito admirada. Kiir não estava satisfeito com as visões de Barrack Obama, que se demonstrou preocupado com a escalada da violência no jovem país.

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