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Tratamento experimental curou câncer de mama em estágio avançado

O câncer, que já tinha se espalhado pelo corpo, foi derrotado pelas células da própria paciente – que foram colhidas, selecionadas, multiplicadas e reinjetadas para lutarem contra o tumor.

Por Por Felipe Sali
Atualizado em 5 jun 2018, 19h17 - Publicado em 5 jun 2018, 15h16

O câncer de mama é o segundo tipo mais comum da doença e o que mais mata mulheres no mundo todo, segundo a Agência Internacional para a Pesquisa do Câncer. É um mal silencioso, que não apresenta sintomas em sua fase inicial – e por isso é tão difícil detectá-la precocemente, quando o tratamento seria mais eficaz. No meio disso tudo, surgiu uma boa notícia. Médicos do Instituto Nacional de Câncer dos Estados Unidos conseguiram tratar uma paciente da doença em estágio avançado graças a uma técnica experimental de imunoterapia, e o câncer está em remissão.

A paciente em questão se chama Judy Perkins, uma americana de 49 anos com um tumor no seio direito que sofreu metástase e havia se espalhado para o fígado e outras áreas. Depois da quimioterapia se mostrar ineficaz, ela já estava pronta para desistir de lutar. Na época, recebeu a notícia de que viveria apenas mais três anos.

Foi quando recebeu um convite para participar de um experimento. Os cientistas colheram as células do seu próprio sistema imunológico, conhecidas como linfócitos infiltradores de tumores. Eles selecionaram as que tinham mais chances de encontrar e matar o tumor e as multiplicaram em laboratório. Depois, bastou reinjetá-las no corpo de Judy e esperar que trabalhassem por conta própria. Enquanto o sistema imunológico comum não era capaz de vencer o tumor, a sua versão turbinada derrotou a doença, que não voltou a apresentar sinais mesmo dois anos depois do tratamento.  

Este tipo de tratamento é chamado de imunoterapia e não é necessariamente uma novidade ele já se mostrou eficaz contra o câncer como o de pulmão e de pele. É que esses tipos de tumor carregar muitas mutações específicas, que ajudam o sistema imunológico turbinado a identificar a célula doente e destruí-la. Esse não é o caso do câncer de mama – no qual essas mutações que “guiam” os linfócitos são muito menos frequentes.

Para driblar a situação, os pesquisadores usaram o sequenciamento genético para desenvolver uma forma de identificar quais células imunes específicas eram capazes de reconhecer as poucas mutações do câncer de mama de Judy. Assim, foi possível selecionar os linfócitos mais habilidosos em identificar quatro das mutações presentes no tumor da mulher, criando um tratamento altamente personalizado.

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Ainda é cedo para comemorar. É preciso testar a técnica em outros pacientes para termos certeza de que reagirão da mesma forma. O tratamento também precisará de ajustes antes de ser aplicado em larga escala – afinal, por enquanto, ainda é necessário analisar, paciente a paciente, quais são os melhores “soldados” para encontras as melhores mutações. Com isso, ainda não dá para sair replicando essa tática entre um grupo grande de pacientes com câncer de mama.

Ao menos Judy pode voltar a sua rotina de sempre. “Já tinha pedido demissão do meu trabalho e estava planejando a minha morte”, explicou ao jornal The Guardian. “Agora, já voltei para a vida normal do dia a dia”.

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