Textos Arthur Albolea
Parece bom negócio. Você compra o papel e concorre todo mês ao sorteio de prêmios que variam de 50 mil a meio milhão de reais. Caso não seja sorteado ao final de um período, tudo bem: recebe o dinheiro de volta, devidamente corrigido. O problema é que o nome “título de capitalização” engana. Faz parecer que você está investindo em seu futuro. E as instituições financeiras que vendem esse produto não se preocupam em evitar a confusão. Na verdade, título de capitalização não é investimento. Trata-se de uma loteria, na qual poucos felizardos ganham.
A chance de ter seu título de capitalização sorteado é de 1 em 75 mil – mais difícil que acertar o primeiro prêmio na loteria federal. E o rendimento proporcionado por ele é mínimo – atrelado à TR (taxa referencial do mercado, calculada pelo Banco Central). Desse valor, ainda é descontada a tarifa de administração, que varia entre 10% e 15%. Ou seja: não é comprando títulos de capitalização que você vai garantir seu futuro.
Para se ter uma ideia de como a rentabilidade dos títulos é baixa, basta compará-los a uma das modalidades de investimentos mais conservadoras, a caderneta de poupança. Na remuneração desse tipo de aplicação incidem a TR mais 6% de juros ao ano. E não há desconto algum. Quem depositou R$ 100 na poupança em janeiro de 2009 tinha R$ 107 ao cabo de 12 meses, contra R$ 100,70 de quem empatou o mesmo dinheiro em títulos de capitalização. Descontada uma taxa administrativa de 10%, o valor resgatado pelo dono dos títulos seria de apenas R$ 90,70 – ou seja, menos do que ele “investiu”.