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Tetracromatismo: a mutação que faz enxergar até 100 milhões de cores

Para causar inveja a qualquer artista: entenda a mutação que altera a estrutura dos cones da retina e permite enxergar um espectro de cores muito maior

Por Bela Lobato
Atualizado em 12 ago 2025, 16h00 - Publicado em 12 ago 2025, 10h00
A visão de 100 milhões de cores

Nome: Tetracromatismo
Genes envolvidos: OPN1MW e OPN1LW
Prevalência: desconhecida

A maioria das pessoas enxerga o mundo com três canais de cor. Isso é possível graças aos cones da retina, estruturas sensíveis à luz dentro dos olhos. Em geral, temos três tipos de cones, capazes de detectar ondas curtas (azuis), médias (verdes) e longas (vermelhas). Combinando essas três, nosso cérebro consegue criar cerca de 1 milhão de cores – isto é, assumindo que você, como a maioria dos humanos, tenha a visão tricromática. 

Pode ser, entretanto, que você seja uma das mulheres sorteadas com uma condição raríssima: o tetracromatismo. Em vez de três, elas têm quatro tipos distintos de cones – e, em teoria, podem perceber até 100 milhões de cores. 

É difícil imaginar o que isso significa. Mas dá para resumir em uma sensibilidade extrema às nuances de cores, especialmente diferenciando tons que a maioria das pessoas perceberia como idênticos. Há mais azuis entre o marinho e o ciano do que sonha o Guia Pantone, diria um tetracromático.

O tetracromatismo humano está ligado a variações genéticas no cromossomo X, onde estão os genes que detectam as cores verde e vermelha. Suspeita-se que os genes responsáveis sejam o OPN1MW (para o cone sensível ao verde) e OPN1LW (para o sensível ao vermelho). 

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Como as mulheres, em geral, portam dois cromossomos X, uma mutação pode fazer com que elas herdem até quatro versões diferentes desses genes – por exemplo, duas versões funcionalmente distintas do OPN1MW. Daí, em certos casos, em vez de três, elas têm quatro tipos de cones distintos. Já os homens, que têm apenas um cromossomo X, não apresentam essa possibilidade genética. 

Acredita-se que 12% das mulherem tenham quatro cones. Mas isso não significa que todas elas sejam tetracromáticas. A condição depende de dois fatores principais: o novo cone precisa, de fato, ser sensível a um comprimento de onda diferente dos demais, e o cérebro deve ser capaz de processar essa informação adicional. Em outras palavras, é necessário não apenas ter a estrutura mas também saber usá-la.

O caso mais famoso é o da artista plástica australiana Concetta Antico, cujo tetracromatismo foi confirmado geneticamente e em testes práticos. Ela demonstra uma capacidade incomum de distinguir cores em ambientes de baixa luminosidade ou que parecem idênticas para a maioria das pessoas. Os cientistas acreditam que a formação artística precoce pode ter contribuído para o desenvolvimento cerebral necessário para interpretar o quarto canal de cor.

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Apesar de raro em humanos, o tetracromatismo é relativamente comum em outras espécies, sobretudo em alguns peixes e aves. Mas existem animais mais exagerados: os crustáceos estomatópo–dos, conhecidos popularmente como lacraias-do-mar, têm 16 tipos de cones. Mesmo que nem todos sejam usados da mesma forma para distinguir cores, a percepção visual desses bichinhos é inimaginável para nós.

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A confirmação do tetracromatismo em humanos exige testes genéticos detalhados e experimentos práticos controlados. Apesar de abundantes, os testes online não são confiáveis, já que os monitores convencionais operam com apenas três canais de cor (vermelho, verde e azul), e não conseguem gerar estímulos que simulem um quarto canal.

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Vale dizer que os genes OPN1MW e OPN1LW também ajudam a explicar o daltonismo, que costuma envolver a incapacidade de distinguir tons de verde e vermelho. Essa é uma condição que vem de alelos recessivos, e justamente por isso é mais comum em homens. Eles, afinal, carregam apenas um cromossomo X, então, se os genes tiverem essa mutação, não tem jeito. No caso das mulheres, existe a chance de o outro cromossomo X ter alelos dominantes – e aí, nada de daltonismo. Estima-se que 8% da população masculina seja daltônica em algum nível, contra 0,5% da feminina.

Fontes: artigos Investigating potential human tetrachromacy in individuals with tetrachromat genotypes using multispectral techniques”, Bochko et al.; “The genetics of normal and defective color vision”. Neitz et al.; “Tetrachromacy: the mysterious case of extra-ordinary color vision”, Jordan et al.

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