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Remédios anti-envelhecimento podem aumentar o número de órgãos para transplante

Órgãos de pessoas mais velhas costumam ser rejeitados por cirurgiões. Mas uma pesquisa de Harvard usando senolíticos pode ajudar, no futuro, na oferta de doadores. Entenda.

Por Leo Caparroz
Atualizado em 18 set 2023, 19h04 - Publicado em 18 set 2023, 19h03

Nossas células têm um prazo de validade reprodutivo. Depois de certo tempo, o ciclo de vida delas termina – e elas deixam de se dividir. Esse tipo de célula, chamada senescente, é eliminada pelo sistema imunológico. Mas algumas são deixadas para trás.

Conforme ficamos mais velhos, o número de células senescente vai crescendo. E elas liberam substâncias químicas prejudiciais, podendo causar câncer e doenças relacionadas ao envelhecimento, como Alzheimer, problemas cardiovasculares, diabetes, catarata e aterosclerose.

Esse é um dos problemas envolvendo órgãos doados por pessoas mais velhas, já que as células senescentes podem aumentar os efeitos da senescência no receptor (pacientes mais jovens, por exemplo). Esse efeito pode piorar o resultado do transplante – ou até provocar a rejeição do órgão.

Um grupo de pesquisadores testou como poderiam melhorar a eficácia de órgãos transplantados por doadores mais velhos (vale lembrar: não existe uma idade limite para doar, mas é preciso que o órgão em questão esteja saudável). Para isso, eles administraram medicamentos que eliminam essas células desgastadas para ratos – e, depois, fizeram os transplantes. 

A equipe analisou um grupo de camundongos, que recebeu corações de indivíduos jovens e velhos. Como esperado, os animais que receberam órgãos dos idosos tinham maior número de células senescentes em comparação com os que receberam dos novinhos. Consequentemente, eles apresentaram declínio cognitivo e físico acelerado. 

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Contudo, ao tratar os doadores velhos com senolíticos, o tipo de medicamento que elimina essas células, a quantidade delas encontrada nos receptores depois da operação caiu significativamente. Esses indivíduos também tinham desempenho cognitivo e aptidão física semelhantes aos receptores de corações jovens.

A pesquisa, liderada por Stefan Tullius, da Harvard Medical School, foi apresentada no Congresso da Sociedade Europeia para a Transplantação de Órgãos, em Atenas, Grécia, e ainda não foi publicada em um periódico.

Embora não informe nada de novo sobre os efeitos do envelhecimento ou dos senolíticos, o estudo mostra uma abordagem inovadora e potencialmente útil, que poderia disponibilizar órgãos para transplante que, anteriormente, seriam descartados.

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Apesar da necessidade, os órgãos de doadores mais velhos costumam ser recusados justamente pelos riscos potenciais. Atualmente, o Ministério da Saúde estabelece um “teto” para os doadores, mas ressalta que o importante mesmo é que o doador esteja saudável. Para doadores de rim, seriam 75 anos; já para coração e pulmão, 55.

Para os pesquisadores, o próximo passo é investigar como suas descobertas se traduzem em humanos. “Iremos nos aprofundar nos mecanismos que sustentam nossas descobertas atuais, com foco particular no papel potencial dos senolíticos na prevenção da transferência da senescência em humanos”, diz Tullius. Para ele, a pesquisa pode ajudar a aumentar o número de órgãos disponíveis para transplante.

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