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Quais as vantagens (e desvantagens) dos testes rápidos para Covid-19

Eles podem detectar a presença do vírus Sars-Cov-2 em poucos minutos. Mas são menos confiáveis que outros tipos de diagnóstico. Entenda por quê.

Por Guilherme Eler
Atualizado em 1 abr 2020, 15h41 - Publicado em 1 abr 2020, 10h10

O Brasil recebeu na última segunda-feira (30) um lote com 500 mil testes rápidos para diagnóstico de Covid-19. Eles fazem parte de uma remessa de 5 milhões de testes adquirida pela mineradora Vale e doada ao Ministério da Saúde, que será distribuída por todos os estados do país ao longo do mês de abril. Produzidos pela empresa chinesa Wondfo, os kits podem detectar infecção pelo novo coronavírus em 15 minutos.

De acordo com o governo, a ideia é que o material sirva principalmente a funcionários da área da saúde (como médicos e enfermeiros) de capitais e cidades metropolitanas. Por estarem na linha de frente do combate à pandemia, eles têm mais chances de entrar em contato com pessoas infectadas. Profissionais como policiais, bombeiros e guardas civis que estejam com sintomas da Covid-19 também terão prioridade de diagnóstico.

A ideia de priorizar esses grupos é fazer com que serviços essenciais sejam desfalcados o mínimo possível. Afinal, quando o resultado de um trabalhador enfermo dá negativo, existe a garantia de que ele pode retomar sua função rapidamente, sem grandes prejuízos. Já se a pessoa for diagnosticada com Covid-19, é possível colocá-la em isolamento completo tão logo apareçam os sintomas, diminuindo a chance de espalhamento da doença.

Além disso, testar a população em massa é uma forma de ter números mais próximos da realidade, estimando melhor a taxa de mortalidade do vírus e o avanço da pandemia a nível local. Países que adotaram esse método, como a Coreia do Sul, conseguiram “achatar a curva”, diminuindo o número de novos casos e o impacto na economia. No país asiático, como mostra este texto da SUPER, uma estratégia foi fazer o teste no esquema drive thru: o paciente é examinado no próprio carro e recebe o resultado por mensagem de texto, junto de instruções sobre o que fazer.

Em um mundo ideal, toda a população minimamente suspeita de carregar o vírus seria testada – inclusive pessoas que não têm todos os sintomas sintomas. Isso porque a transmissão do novo coronavírus pode partir também de pacientes aparentemente saudáveis. O problema é que examinar milhares de habitantes num curto período de tempo é uma tarefa custosa – logística e financeiramente falando. É por isso que pessoas com falta de ar, febre, tosse seca constante ou que sejam consideradas “grupo de risco” costumam ter preferência na fila.

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Para esses casos mais graves, costuma-se usar testes moleculares, também chamados de RT-PCR. Mais precisos, eles identificam se há ou não DNA do vírus circulando no corpo de um paciente usando uma amostra de secreção da garganta ou nariz que é analisada, depois, em laboratório. Esse processo de análise pode demorar, no melhor dos cenários, 12 horas. O exame acusa a presença do vírus com precisão de 90%.

Uma forma de diminuir o tempo até o resultado e examinar mais pessoas, no entanto, é apostar nos testes rápidos – tática adotada pela Coreia do Sul. Como o nome adianta, a maior vantagem deles é oferecer o resultado de forma quase instantânea, permitindo a um suspeito deixar o ambulatório já sabendo se está contaminado ou não. Fáceis de transportar e operar, testes do tipo não exigem análises posteriores em laboratório.

Como um teste rápido funciona?

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Primeiro, há a coleta de sangue ou secreções do nariz e garganta do paciente. Isso precisa acontecer entre o sétimo e décimo dia do surgimento dos sintomas. A partir dessas amostras, é avaliada a presença de dois anticorpos: IgG e IgM. São as defesas que o organismo do paciente produz para combater um invasor – como o Sars-CoV-2.

“É um teste rápido, mas ele mede o anticorpo. Você teve a gripe, que pode ser de qualquer vírus e, no sétimo dia, a gente fala que a gripe que você está ou que já acabou era causada pelo coronavírus”, explicou Luiz Henrique Mandetta, ministro da Saúde. Municípios do interior de São Paulo e Niterói, no Rio de Janeiro, anunciaram recentemente que adquiriram milhares de testes rápidos por conta própria – e devem começar a testar em massa sua população com sintomas a partir dos próximos dias.

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Existem, no entanto, algumas contrapartidas em se usar esse tipo mais ligeiro de diagnóstico. Sabe-se que, enquanto o IgM é produzido no pico da infecção, o IgG aparece em um momento posterior. Para dar dar positivo, um teste rápido precisa detectar uma quantidade mínima dessa dupla de moléculas no corpo. Se o valor é menor do que é considerado ideal, o vírus não se acusa. Por causa dessa dinâmica, testes rápidos não são recomendados para casos mais leves – quando os sintomas ainda não são muito pronunciados, e o corpo ainda não reagiu à altura do problema.

Há também o fato de cientistas ainda não saberem ao certo o tempo decorrido entre a infecção por Sars-Cov-2 e a produção de anticorpos pelo organismo de uma pessoa saudável. Isso torna testes rápidos mais sujeitos a entregarem resultados falso-negativos (quando a doença não aparece em uma pessoa infectada ) ou falso-positivos (a Covid-19 se acusa em alguém que não carrega o vírus). Esse nível de confiabilidade, claro, varia de acordo com o tipo de teste.

A lista de testes rápidos aprovados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), atualmente, conta com 17 kits diferentes. Entre testes rápidos e de biologia molecular, o Ministério da Saúde planeja distribuir quase 23 milhões de testes a hospitais e centros de saúde por todo o país. No último dia de março, o novo coronavírus já havia infectado 7,717 pessoas no Brasil e matado ao menos 201.

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