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Por que consumir bebida alcoólica durante vôo é uma má ideia

"Ficamos surpresos ao ver que o efeito era tão forte", diz cientista que estudou os efeitos do álcool no corpo em condições de pressão e disponibilidade de oxigênio semelhantes às da cabine de uma aeronave.

Por Bela Lobato
22 set 2024, 10h00

A tentação pode ser grande, mas da próxima vez que estiver em um voo longo, evite aquele goró estratégico antes do cochilo. Um estudo com 48 participantes mostrou que mesmo uma pequena quantidade de álcool impacta dramaticamente a oxigenação do sangue e o ritmo cardíaco quando combinada com as condições de baixa pressão atmosférica no interior avião.

O estudo comparou quatro grupos: um que bebeu o equivalente a duas latas de cerveja ou dois copos de vinho em uma cabine de baixa pressão; um que foi para a cabine mas não bebeu; um que bebeu em condições atmosféricas normais; e um que nem bebeu e nem foi para a cabine. 

Dois dias depois, os papeis se inverteram. Assim, era possível comparar e isolar os efeitos da pressão e do álcool em cada corpo. A pesquisa foi publicada na revista especializada Thorax em junho deste ano.

Os resultados mostram que nem para a qualidade do cochilo a bebida ajuda! Quem bebeu no avião teve o menor tempo de sono profundo, ou seja, dormiu pior. Mas os impactos foram mais sérios em outros aspectos.

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O mero fato de se estar em um avião significa que a baixa pressão já diminui a oxigenação do sangue. Para tentar compensar, a frequência cardíaca aumenta. O álcool piora muito esse efeito. Enquanto a média de oxigenação considerada saudável fica entre 95 e 100%, essa taxa foi de 85% no grupo de quem bebeu no avião. 

Isso é um risco grave, porque pode comprometer a oferta de oxigênio para os tecidos. Junto com a desidratação que pode ser provocada pelo ar extremamente seco da cabine, você fica com a sensação de que está se embriagando mais rápido.

Quem bebeu nas condições atmosféricas do avião apresentou 88 batimentos cardíacos por minuto (bpm), enquanto, entre quem não bebeu, o valor foi de 73 bpm. Já no grupo que ficou em terra firme os batimentos foram bem mais suaves, em torno de 63 bpm.

“Esperávamos que a combinação de álcool, sono e hipóxia hipobárica [pouco oxigênio a uma altitude elevada] diminuísse a saturação de oxigênio.” disse uma das autoras do estudo, Eva-Maria Elmenhorst, em entrevista à Euronews Health. “Mas ficamos surpresos ao ver que o efeito era tão forte.”

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Elmenhorst acrescenta que o estudo incluiu apenas participantes jovens e saudáveis e, mesmo assim, registrou efeitos de longa duração. Como os experimentos foram todos em pessoas saudáveis, os efeitos podem ser ainda piores entre quem já tem outras condições.

Além disso, os participantes do estudo dormiram em condições mais confortáveis do que as poltronas de classe econômica de um avião. Com menos espaço para esticar as pernas e com a postura mais vertical, os efeitos fisiológicos podem ser ainda mais críticos.

“A diminuição da saturação de oxigênio, juntamente com o aumento do ritmo cardíaco, pode piorar condições médicas pré-existentes”, afirmou Elmenhorst em entrevista à NBC News. “A saturação de oxigênio desceu para níveis bem baixos durante o sono, é por isso que eu recomendaria evitar o consumo de álcool, mesmo quando a pessoa é saudável”.

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