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Pessoas acima do peso vivem mais

Em pesquisa feita com 100 mil pessoas ao longo de 40 anos, cientistas da Dinamarca perceberam que o peso não é uma medida de saúde tão precisa assim

Por Helô D'Angelo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 4 nov 2016, 19h13 - Publicado em 17 Maio 2016, 18h15

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Estar acima do peso causa várias doenças e faz morrer mais cedo. Certo? Nem tanto. Um estudo realizado ao longo de 40 anos na Universidade de Copenhague revela que a ligação entre peso e saúde é muito mais complexa do que se imaginava. De acordo com os resultados, as pessoas que hoje têm um peso acima do “normal” têm menos chances de desenvolver problemas cardiovasculares do que há 40 anos. E mais: não há nada que indique que obesos morram mais cedo do que pessoas com o peso tido como ideal.

A pesquisa começou lá atrás, em 1976, e desde então tem analisado a saúde e o peso de 100 mil pessoas na Dinamarca. Comparando os Índices de Massa Corporal (IMC) dos participantes ao longo dos anos, os cientistas concluíram que o número ideal dessa medida aumentou – de 23,7 para 27.

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Mas vamos por partes. O IMC é uma medida de gordura corporal, resultado de um cálculo simples – a divisão do peso, em quilogramas, pelo quadrado da altura, em metros. Esse índice, estabelecido em meados do século 19, serve para classificar as pessoas em três grupos: as de peso “normal” (com o IMC entre 18,5 e 24,9), as com sobrepeso (entre 25 e 29) e as obesas (acima de 30) – e até hoje, a Organização Mundial de Saúde assina embaixo. 

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O estudo de Copenhague, porém, põe em xeque essa classificação. Quando a pesquisa começou, notou-se que um IMC de 23,7 era o ideal – ligado a menos riscos de a pessoa desenvolver doenças cardiovasculares e outros problemas, como colesterol alto e até câncer. Mas, em 2013, esse número subiu para 27 – ou seja, dentro do grupo de pessoas consideradas “acima do peso”, ainda havia muita gente saudável. E entre todas as pessoas, mesmo considerando as “magras”, as que tinham sobrepeso foram as que morreram mais tarde durante a pesquisa. 

Os cientistas foram além: nas quatro décadas de pesquisas, eles também observaram os efeitos da obesidade na saúde. Para isso, separaram os 100 mil participantes em pequenos grupos – por gênero, por histórico de doenças cardiovasculares, por vício em cigarro e em outras pequenas categorias. A ideia era comparar pessoas com estilos de vida e características parecidas para que os resultados não tivessem influências de nada que não fosse o IMC. E a surpresa veio na mortalidade: os obesos que participaram do estudo não morreram antes das pessoas com peso “normal”. Na verdade, as idades de morte foram bem variadas e até parecidas em alguns grupos.   

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Ainda não se sabe muito bem o que pode estar causando essa mudança no IMC ideal, mas a melhor hipótese é que ela tenha a ver com a melhoria da medicina desde a década de 1970 – exames mais eficientes, remédios efetivos e procedimentos médicos mais eficazes, que permitem um controle melhor da saúde, mesmo com um IMC maior. 

Mesmo assim, fica o alerta: os resultados não querem dizer que tudo bem comer até explodir. Para os pesquisadores, estudo só indica que o IMC não é uma boa medida de saúde – ele precisa ser analisado em um contexto específico, e tem mais a ver com a cultura alimentar de cada país do que, de fato, com o bem-estar.

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