Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana

Pesquisa propõe usar versão defeituosa do Sars-CoV-2 contra a Covid-19

Em laboratório, houve redução de 50% da carga viral em células animais – mas ainda não há previsão para testes em humanos.

Por Rafael Battaglia
Atualizado em 7 jul 2021, 16h20 - Publicado em 7 jul 2021, 16h19

Recentemente, pesquisadores da Universidade Penn State, nos Estados Unidos, apresentaram um estudo propondo um curioso tratamento para a Covid-19: uma terapia antiviral que utiliza o próprio Sars-Cov-2, em uma versão modificada e defeituosa, para combater a doença.

Antes de explicar a pesquisa, é preciso deixar claro que ela ainda é algo extremamente experimental. Os cientistas não testaram o método em células humanas, e não há nenhuma previsão de testes clínicos.

Vírus atacam células ao se ligarem à superfície delas para, assim, injetarem o seu material genético – no caso do Sars-CoV-2, isso acontece através da famosa proteína spike (aqueles “espetos” que recobrem o vírus). A célula, então, passa a replicar o material genético do vírus, que logo se espalha para o resto do corpo ao ser empacotado e despachado como um vírion – nome dado a uma partícula de vírus que se encontra fora de uma célula hospedeira.

É aqui que entraria o Sars-CoV-2 defeituoso, criado em laboratório. Se ele conseguir invadir uma célula já infectada pelo coronavírus normal, consegue atrapalhar a produção de material genético do outro. Em vez de reproduzir o vírus normal, infectante, a célula passaria a replicar o Sars-CoV-2 defeituoso, que não causa a Covid-19. Pelo menos a ideia é essa.

O estudo foi publicado no dia 1º de julho na revista científica PeerJ. Nele, os pesquisadores desenvolveram uma versão sintética de um genoma defeituoso de Sars-CoV-2 e o introduziram em células de macaco verde africano, previamente infectadas com a forma normal do vírus. A partir daí, eles observaram como a quantidade relativa das duas formas do vírus evoluia ao longo do tempo. O objetivo era analisar como a presença da versão defeituosa interferia na produção de material genético da outra.

Continua após a publicidade

Após 24 horas, eles perceberam que o genoma defeituoso, mais curto, foi replicado até 3,3 vezes mais rápido que o outro. Isso fez com que, nesse mesmo intervalo, a carga viral do Sars-CoV-2 normal caísse pela metade. Agora, os cientistas pretendem fazer testes com células de pulmão humano. “Com ajustes e pesquisas adicionais, uma versão deste genoma defeituoso sintético poderia ser usada como terapia para a Covid-19”, acredita Marco Archetti, professor de biologia da Penn State que participou do estudo.

É pouco provável que a técnica venha a ser efetivamente usada contra o coronavírus. Além de demonstrar eficácia em células humanas, o que ainda não ocorreu, os cientistas precisariam provar sua segurança, o que não é simples (seria necessário garantir, por exemplo, que a coexistência entre os dois Sars-CoV-2 não geraria híbridos, dando origem a novas cepas do vírus).

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY
Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 10,99/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.