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Pela primeira vez, cientistas encontram microplásticos em fezes humanas

Estudo indica que nosso intestino pode estar povoado de pequenas partículas de plástico, as principais poluentes dos oceanos

Por Luiza Monteiro
Atualizado em 23 out 2018, 19h03 - Publicado em 23 out 2018, 17h57

Se o plástico que cai no oceano é ingerido por peixes, lagostas ou camarões, há grandes chances de ele ir parar… na sua barriga. É o que sugere um estudo apresentado na última segunda-feira (22), na 26ª Semana da Unidade Europeia de Gastroenterologia, evento que está acontecendo em Viena, na Áustria.

Os autores identificaram microplásticos (partículas com menos de 5 milímetros) nas fezes de todo mundo que participou da pesquisa. Não foram muitas pessoas – apenas oito –, mas cada uma era de um canto: tinha gente da Finlândia, da Itália, do Japão, da Holanda, da Rússia, do Reino Unido… Nos registros do que os participantes consumiram ao longo do estudo estavam alimentos e bebidas embaladas e peixes de água salgada.

As amostras eram de nove tipos diferentes de plástico, principalmente polipropileno, presente em carpetes e potes de guardar comida, e polietilenotereflalato, que está em garrafas de água e sucos, além de cosméticos e produtos farmacêuticos.

Os microplásticos são usados no processo de fabricação desses itens, mas também se originam a partir da degradação de pedaços maiores de plástico no meio ambiente. Até então, não havia evidência de que eles fossem parar (e se manter) dentro no nosso corpo. Mas, pelo visto, é isso mesmo que acontece. “Esse é o primeiro trabalho a confirmar o que a gente já suspeitava: que o plástico chega ao intestino humano”, afirma, em comunicado à imprensa, Philipp Schwabl, líder da investigação.

Ele alerta que, além de serem um risco a pessoas com doenças intestinais, os microplásticos podem cair na corrente sanguínea e afetar o sistema linfático ou o fígado. “Estimamos que mais de 50% da população mundial tenha essas partículas em suas fezes”, disse Philipp, em entrevista ao jornal britânico The Guardian. Mas não se desespere: o pesquisador e sua equipe pretendem conduzir estudos maiores para entender a real ameaça que esses pedacinhos minúsculos oferecem à nossa saúde.

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