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O que é febre maculosa (e por que você não deve fazer carinho em capivaras)

A doença é perigosa e requer cuidados imediatos. Ela é transmitida pelo carrapato-estrela – que se aloja na pele do roedor.

Por Leo Caparroz
13 jun 2023, 19h41

Na semana passada (8), morreram a dentista Mariana Giordano, de 36 anos, e seu namorado, o piloto de automobilismo Douglas Costa, de 42. Eles haviam sido hospitalizados com febre intensa e fortes dores de cabeça – e a morte de ambos foi confirmada como consequência da febre maculosa.

O casal havia visitado uma fazenda na região de Campinas, onde possivelmente ocorreu a infecção. Uma terceira morte, de uma jovem de 28 anos que também passou pelo local, está sob investigação e suspeita da doença.

A febre maculosa é causada por bactérias do gênero Rickettsia. Mais especificamente, duas espécies ocorrem no Brasil: a Rickettsia rickettsii, registrada no norte do Paraná e na região Sudeste; e a Rickettsia parkeri, encontrada nos estados litorâneos da Mata Atlântica (como o Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Bahia e Ceará). 

A bactéria não infecta humanos diretamente, o que significa que ela não se espalha entre pessoas. Na verdade, o culpado pela sua transmissão é o carrapato-estrela, o nome mais famoso do Amblyomma cajennense.

Em termos científicos, dizemos que o carrapato-estrela é o vetor da bactéria que causa a febre maculosa. Nós somos um mero desvio na vida da bactéria, cujo hospedeiro de verdade são as capivaras.

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Capivaras são os maiores roedores existentes, e são muito comuns no Brasil. Costumam habitar regiões perto de corpos d’água, como rios, lagos e represas e, por ser um animal bem adaptável, podem ser vistos em áreas urbanas.

Por mais bonitinha que ela pareça, não é uma boa ideia se aproximar. As capivaras são resistentes à doença, sendo infectadas apenas uma vez na vida (semelhante a uma catapora) e não apresentam sintomas. Mas se um carrapato-estrela sugar o sangue de uma capivara contaminada e passar para você, será um problema.

Sintomas da febre maculosa

A doença começa com sintomas parecidos aos de outras infecções: febre alta, dor no corpo, dor de cabeça, falta de apetite e desânimo. Depois, surgem manchas avermelhadas que crescem, provocando pequenas hemorragias na pele, consequência do ataque da bactéria aos vasos sanguíneos do paciente. Essas “máculas” são o sinal mais evidente da infecção, e também dão o nome à doença.

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Os sintomas levam em média de sete a dez dias para se manifestar, e a partir daí o tratamento deve ser iniciado dentro de no máximo cinco dias. Caso contrário, há sérios riscos de que os medicamentos não surtam mais o efeito desejado, aumentando o risco de morte.

Como se prevenir

Como dizia o ditado, é melhor prevenir do que remediar. E a melhor prevenção é evitar o contato com o carrapato.

A maioria dos lugares em que capivaras e carrapatos-estrela são encontrados, principalmente em áreas urbanas, já são conhecidos pela população local. A doença é mais comum entre junho e novembro, período com mais carrapatos jovens, e as prefeituras costumam alertar para áreas de risco. Fique atento às notícias locais.

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Também é bom usar roupas que dificultem que o carrapato grude em você: calças longas, com as barras enfiadas nas botas, podem ser um obstáculo difícil para o artrópode.

O carrapato precisa de quatro horas na sua pele para transmitir a bactéria, então é essencial dar uma vistoria geral no próprio corpo para ter certeza de que nenhum ficou grudado. Se encontrou um meliante, tome cuidado para removê-lo sem esmagá-lo, de preferência com uma pinça.

E se for picado, não demore a procurar auxílio médico especializado.

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