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Stu Ungar: o maior jogador de pôquer da história

Ninguém ganhou mais torneios que ele. Sua saúde, no entanto, tinha dois adversários: as noitadas e a cocaína. O seu bolso tinha um ainda pior: apostas

Por Álvaro Oppermann
Atualizado em 12 set 2017, 12h22 - Publicado em 31 dez 2005, 22h00

Ninguém ganhou mais torneios em Las Vegas ou jogou tão bem nas mesas de pôquer quanto Stu Ungar. Seu raciocínio e elaboração de estratégias eram fora do comum. Suas partidas eram espetáculos. Alguém falou em Pelé? Melhor pensar numa síntese de Pelé e Garrincha.

Stu nasceu em 1953 em Nova York. O pai, um imigrante judeu, ganhava a vida como bookmaker em corridas de cavalos. A mãe era fanática por pôquer. Com 7 anos, Ungar aprendeu as manhas do jogo. Com 10, já era craque e aos 15 caiu nas graças da família Genovese, da máfia, ganhando acesso aos clubes ilegais de carteado. Em 1978, não tendo mais de quem ganhar na sua região, foi para Las Vegas. Na sua primeira partida de pôquer nos cassinos locais, perdeu 20 mil dólares em 15 minutos, mas depois de 36 horas na mesa recuperou a quantia e ainda amealhou outros 27 mil dólares. Em 1980, com 26 anos, foi campeão mundial. Levou 365 mil dólares para casa. No ano seguinte, foi bicampeão.

Até Stu aparecer em Vegas, o pôquer era dominado por caubóis. Carismático, logo virou pop star na cidade. Era galanteador com as mulheres e implacável com os adversários. Tinha memória fotográfica absoluta: se visse rapidamente as cartas sendo embaralhadas, saberia depois qual a combinação de cada pessoa na mesa. Somado à sua agressividade, à frieza para blefar com milhares de dólares e a capacidade de perceber na cara de seus adversários o que estavam planejando, ele amedrontava quem jogasse com ele. “Seu cérebro funcionava 99% mais rápido do que o de qualquer outra pessoa na mesa”, dizia o jogador Mike Sexon.

Sua saúde, no entanto, tinha dois adversários: as noitadas e a cocaína. O seu bolso tinha um ainda pior: ele não passava um dia sem apostar, principalmente em corridas de cachorros (jogo que adorava, mas do qual não entendia nada). Ficou pobre. Em 1997, com dinheiro emprestado, conseguiu ainda entrar – e vencer – pela última vez o campeonato mundial. Gastou em 4 meses o prêmio de 1 milhão de dólares e, em 1998, numa espelunca em Las Vegas, o destino lhe deu a cartada final. Foi encontrado morto por ataque cardíaco, sujo como um mendigo. Dos 30 milhões de dólares que ganhou em sua carreira, restavam-lhe 800. Bem, no jogo da vida, a casa sempre ganha. Até de Stu Ungar.

O maior jogador de pôquer da história só perdeu para a cocaína e para as corridas de cachorros
(flipchip/LasVegasVegas.com/Creative Commons)

Grandes momentos

• Foi quem mais faturou no pôquer. Ganhou 3 vezes cada um dos dois torneios mais importantes, além de 10 outros campeonatos de apostas altas. Os craques que mais se aproximaram disso ganharam só a metade.

• Era desorganizado. Nunca abriu uma conta bancária. Ficou milionário e perdeu tudo pelo menos 4 vezes na vida. Uma vez, com 3 milhões de dólares no bolso, teve a luz cortada por falta de pagamento.

• Aparentava ser mais jovem do que era. Aos 35, precisou tirar do bolso um maço de 10 mil dólares e mostrar a um garçom, como prova de que era maior de idade.

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