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Nem óvulos aceitam qualquer parceiro, por que você aceitaria?

Uma das maiores certezas da ciência está sendo colocada à prova: óvulos escolhem os melhores espermatozoides

Por Pâmela Carbonari Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
29 nov 2017, 19h07

Se você tem útero, seus óvulos são mais criteriosos que muitos micareteiros e usuários do Tinder. Um novo estudo realizado em Seattle, nos Estados Unidos, mostra que os óvulos não são as células passivas que os cientistas sempre acharam que fossem: eles escolhem os espermatozoides com a melhor carga genética para garantir que a cria gerada a partir da fecundação seja o mais saudável possível.

Até então, a reprodução começava com uma corrida: os espermatozoides eram os competidores e o óvulo, a linha de chegada – essa noção de uma competição randômica em que o primeiro a chegar era o vencedor e a célula feminina apenas aceitava já estava implícita na primeira lei genética de Mendel, no século 19.

O que a nova pesquisa sugere é que além da corrida, a fecundação ainda depende de uma entrevista com o candidato para saber se ele se adequa à vaga. O pré-requisito exigido pelo óvulo para a função de fertilizador é ter genes de boa qualidade para dar origem a descendentes fortes. Os cientistas também perceberam que os gametas masculinos não são recrutadores – ao contrário dos femininos, eles não têm habilidade de detectar genes ruins.

Para Joe Nadeau, pesquisador do Pacific Northwest Research Institute e líder da descoberta, a reprodução não é uma combinação aleatória de genes, porque em seus testes certos pareamentos se mostraram muito mais frequentes que outros. “É o equivalente a escolher um parceiro”, disse em entrevista à revista Quanta.

A teoria de Nadeau é que o óvulo pode dar preferência ou rejeitar espermatozoides com determinadas características genéticas. Essa noção coloca os gametas femininos como partes ativas no processo de reprodução, e deixa a seleção natural que acontece na fecundação ainda mais complexa.

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Para chegar a essas conclusões, a equipe do cientista colocou ratos machos com genes normais para cruzar com fêmeas que carregavam um gene normal e outras com um gene com maiores chances de desenvolver câncer de testículo. As crias desse primeiro experimento nasceram com genes aleatórios, seguindo as leis de Mendel. Mas em uma segunda tentativa, Nadeau inverteu os “problemas”: colocou ratinhas saudáveis para reproduzirem com machos com a cópia do gene mutante. Quando os filhotes nasceram, apenas 27% apresentava o gene mutante do pai – o esperado era que 75% deles nascessem com a variação genética.

Se nos últimos tempos você não tem escolhido muito bem os homens com quem se relaciona, pelo menos fica o alívio de que seus óvulos podem tomar decisões melhores e matches mais certeiros que os seus.

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