Viagens de Gulliver é mais do que um grande romance: pode ser também a primeira descrição conhecida do mal de Alzheimer, doença que teria matado o escritor irlandês Jonathan Swift. Pelo menos é o que diz o neurologista John Lewis em edição recente da revista inglesa The Lancet uma das mais importantes do mundo na área médica.
Em seu célebre livro, publicado em 1726, Swift descreve os imortais como uma estranha gente sem memória que, por esquecer as coisas mais banais, é incapaz de manter mesmo uma simples conversação criando a situação mais mortificante das muitas enfrentadas pelo herói da história, Gulliver. Segundo o neurologista, na verdade Swift pode ter criado os imortais apenas como uma forma de vingança contra a doença que o mataria em 1745. Sintomas como perda da memória, da capacidade de articular palavras e de outras faculdades mentais, foram se agravando a ponto de o escritor ser declarado incompetente para administrar a própria vida.