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Dois litros de água por dia: verdade ou mito?

É comum pautarmos nossa rotina por metas diárias de saúde e bem-estar. Mas esses números redondos e simbólicos costumam ignorar sutilezas do corpo.

Por Bela Lobato
18 dez 2024, 10h00 •
  • Nas redes sociais (e nas lojas que vendem garrafas de água cada vez maiores no centro das cidades), as pessoas repetem que, quanto mais água você beber, melhor. Você provavelmente já ouviu que o ideal são 2,5 litros, ou 8 copos de água por dia. Essa recomendação ultrapassada aparece pela primeira vez, sem citar fontes, em um guia alimentar da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos publicado em 1945. Sua única consequência garantida é você fazer xixi o dia todo. 

    Existem poucas evidências de que beber mais água do que o tanto que seu corpo pede ofereça algum benefício – além de evitar a desidratação, é claro. A ideia de que você não pode esperar a sede vir para beber água também é equivocada, já que nosso organismo está calibrado para nos proteger: a sede começa bem antes de você estar em apuros.

    Mas como essa afirmação se sustentou por tanto tempo sem evidências? O primeiro ponto é que beber uma cachoeira por dia pode até não ser necessário, mas dificilmente fará algum mal. Outra questão é que muitos estudos têm uma metodologia fraca – seja por usarem uma amostra pequena de voluntários, seja por confundirem causação (uma coisa é culpada por outra) com correlação (duas coisas aconteceram juntas, mas não é possível provar que estão associadas).

    Nenhum estudo sério fala em oito copos de água pura por dia. A água é parte de toda bebida e todo alimento sólido. Até farofa tem algum teor de H2O, e entra na conta. Além disso, a quantidade de líquidos exigida por cada pessoa, com estilos de vida e rotinas de trabalho diferentes, varia radicalmente.

    Para dar conta dessa variedade, um estudo com 5 mil pessoas de todas as idades de 23 países isolou a relevância de fatores como sexo, idade, estilo de vida, peso, massa magra, latitude, altitude, temperatura, umidade do ar e até o índice de desenvolvimento humano de cada país no consumo de água de seus cidadãos.

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    Os pesquisadores descobriram que o padrão é não haver padrão: a quantidade varia entre pouco menos de 2 l até mais de 10 l. Em geral, pessoas de países menos desenvolvidos bebem mais água, especialmente se levarem um estilo de vida rural ou fizerem trabalhos braçais nas cidades. Em geral, homens precisam de mais líquidos do que mulheres, mas elas precisam de até 700 ml a mais por dia se estiverem grávidas ou amamentando. 

    Um outro estudo acompanhou o consumo de água de mais de 120 mil holandeses saudáveis entre 55 e 69 anos durante uma década. A maioria bebia pouquíssima água pura por dia, e os líquidos mais populares eram café, chá e leite. Mesmo com um grupo desse tamanho, não foi possível encontrar nenhuma correlação entre o consumo de água pura e a mortalidade por doenças cardíacas ou AVC.

    Fontes artigos “Variation in human water turnover associated with environmental and lifestyle factors”; “Total fluid and specific beverage intake and mortality due to IHD and stroke in the Netherlands Cohort Study”.

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