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Bebê que nasce de cesárea tem mais chance de ser um adulto obeso

Entre dois irmãos, o filho de uma cesárea tem risco 64% maior para obesidade que aquele que nasce de parto normal.

Por Ana Carolina Leonardi
Atualizado em 31 out 2016, 18h59 - Publicado em 7 set 2016, 18h30

Cesárea engorda – por décadas. Foi essa a conclusão a que chegou um novo estudo de Harvard, que acompanhou mais de 22 mil crianças por 20 anos. Bebês que nascem de operações cesarianas enfrentam um risco 15% maior de obesidade infantil que os filhos de parto normal, e essa tendência continua pesando até a vida adulta.

Os autores da pesquisa analisaram também a saúde das mães, que tem uma forte influência no metabolismo do bebê. Filhos de mães com sobrepeso ou com hipertensão durante a gravidez, por exemplo, já vem ao mundo com chances maiores de desenvolver obesidade. Nesses casos, a cesárea é frequentemente recomendada pelos médicos.

Mas, mesmo quanto os cientistas filtravam as condições físicas das mães, a ligação entre peso excessivo e tipo de parto ainda era forte. Uma das partes mais interessantes do experimento é que, entre os participantes, havia uma série de irmãos. Pessoas com a mesma mãe, criadas no mesmo ambiente, mas uma nascida de parto normal e outra de cesárea. Ou seja, cobaias perfeitas para a comparação que o estudo buscava.

LEIA: Nascer é um parto​

Dito e feito: entre irmãos, a tendência à obesidade dos filhos de casárea era ainda mais pronunciada. Eles tem 64% mais chances de se tornar obeso que os irmãos nascido de parto natural.

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Conforme os bebês do estudo foram crescendo, a tendência se manteve. Quando eles já eram jovens adultos, perto dos 20 anos, os nascidos de cesárea carregavam uma média de 0.3 pontos extras no IMC.

Para os cientistas, a explicação pode estar no intestino desses bebês. Quando uma criança nasce de parto normal, já entra no mundo em contato com bactérias do canal vaginal da mãe, que vão ajudar a compôr a sua flora intestinal. Evidências recentes mostrar que essa microbiota intestinal tem uma influência tão grande que mexe até na nossa saúde mental, impactando também nossa taxa metabólica.

LEIA: Cientistas dão banho de micróbios em recém-nascidos de cesárea

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Na antisséptica cesárea, não tem espaço para nada disso. Daí, é possível que a criança desenvolva um metabolismo mais lento – mas, para confirmar essa teoria, só refazendo os testes com mais milhares de bebês, coletando amostras da flora intestinal de cada um.

Quando a cesárea é indicada para uma gravidez complicada, geralmente o risco à saúde da mãe e do bebê é maior do que os 15% extras de chance de sobrepeso. Daí, vale a pena apostar.

Mas, como bem sabemos, no Brasil, campeão mundial de cesarianas, nem toda operação é justificada pela necessidade médica. Por isso, a recomendação dos pesquisadores de Harvard é que os pais e obstetras pensem bem – e coloquem os riscos de obesidade na balança.

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