Revista em casa por apenas R$ 9,90/mês
Continua após publicidade

Bebê brasileiro nasceu de um útero transplantado de uma falecida

É a primeira vez na história que um procedimento do tipo é bem-sucedido. No futuro, técnica poderá ser útil para tratamento de infertilidade

Por Guilherme Eler
5 dez 2018, 16h22
  • Seguir materia Seguindo materia
  •  (SCIEPRO/Getty Images)

    O Brasil é o segundo país que mais realiza transplantes no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Segundo dados do Registro Brasileiro de Transplantes (RBT), cerca de 27 mil pacientes de todo o país receberam um novo órgão em 2017.

    As partes que mais costumam ser reaproveitadas são córneas, rins e fígado. Já outras, como pulmão ou pâncreas, por exemplo, são mais raras: foram apenas 112 transplantes de cada um desses órgãos no ano passado.

    Outro procedimento que poderia entrar nessa conta é o transplante de útero. Afinal, nos pouco mais de 15 anos desde que essa técnica foi inventada, médicos fizeram só 50 operações do tipo – isso, no mundo todo. Só 11 delas envolviam doadoras falecidas.

    Além do desafio de encontrar um doador compatível e concluir com sucesso a cirurgia (que envolve conectar veias, artérias, ligamentos e o canal vaginal), tornar o útero funcional é outra tarefa delicada. Principalmente no que diz respeito a doadoras mortas: todas as dez tentativas anteriores, feitas nos Estados Unidos, República Tcheca e Turquia, terminaram antes da hora.

    Em dezembro de 2017, no entanto, aconteceu o primeiro caso de sucesso. E foi no Brasil, mais especificamente, no Hospital das Clínicas de São Paulo.

    Continua após a publicidade

    A mulher que protagonizou o feito tinha 32 anos e havia nascido sem útero devido à síndrome de Mayer-Rokitansky-Küster-Hauser. Como destacou a revista Saúde, trata-se de uma condição genética rara que afeta uma a cada 4.500 mulheres e suprime uma ou mais estruturas do aparelho reprodutor. Apesar dessa condição, a paciente tinha ovários e produzia óvulos férteis, que puderam ser coletados e usados na fertilização in vitro com espermatozoides produzidos por seu marido.

    Para realizar o sonho de ser mãe, a mulher recebeu o útero de uma doadora de 45 anos, que morreu de derrame cerebral e já havia dado à luz em outras três oportunidades. A cirurgia para trocar o órgão de corpo aconteceu em setembro de 2016, e demorou 10 horas e meia.

    A mulher transplantada começou a menstruar um mês depois. Após sete meses, os cientistas colocaram um embrião fertilizado no novo útero. A gravidez correu sem problemas e, com 35 semanas de gestação, a mãe deu à luz uma menina saudável, pesando 2.5 Kg.

    Continua após a publicidade

    Os detalhes acerca do caso viraram, inclusive, artigo científico, que foi publicado na revista Lancet na última terça-feira (4).

    Após o parto da criança, o útero da mãe foi retirado. Tudo para que ela pudesse parar de tomar medicamentos imunossupressores, que impedem que o corpo rejeite a parte recebida após a cirurgia.

    Em comparação à doação feita por uma mulher morta, o transplante de útero entre vivas é mais caro e complexo. Isso acontece devido ao número de cuidados que precisam ser tomados. Operar uma doadora sem vida implica em menos problemas de logística, como o tempo de cirurgia, o número de profissionais mobilizados para a tarefa e o período de hospitalização, que é dobrado – sem falar no risco para a saúde de quem doa. Até hoje, doze bebês vivos já nasceram a partir de úteros transplantados em todo o mundo, seja doado por mulheres vivas ou falecidas.

    Continua após a publicidade

    Os pesquisadores brasileiros esperam, ainda nas próximas semanas, repetir o procedimento em mais duas mulheres. Quanto mais casos de sucesso, maior a chance de o transplante de útero se consolidar como tratamento para a infertilidade no futuro.

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Oferta dia dos Pais

    Receba a Revista impressa em casa todo mês pelo mesmo valor da assinatura digital. E ainda tenha acesso digital completo aos sites e apps de todas as marcas Abril.

    OFERTA
    DIA DOS PAIS

    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 9,90/mês

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 9,90/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.