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Atletas de CrossFit que saem da dieta 2 vezes na semana têm melhor rendimento

Em um novo estudo brasileiro, quem se permitiu comer o que quisesse (mesmo!) em alguns dias performou melhor nos treinos.

Por Luiza Monteiro
Atualizado em 10 abr 2019, 10h29 - Publicado em 9 abr 2019, 20h33

Crossfiteiro que é crossfiteiro come frango com batata-doce, um monte de ovos por dia e outros ingredientes famosos por garantir energia com pouco carboidrato – nutriente que, no mundo fitness, é tão temido quanto Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado. Mas, no caso de atletas profissionais, manter uma dieta low carb ininterruptamente pode ser furada.

É o que sugere um estudo brasileiro publicado no periódico científico Journal of Sports Sciences. A pesquisa incluiu 39 homens, todos na faixa dos 27 anos de idade, que treinavam CrossFit em nível profissional: cinco vezes por semana, de uma a duas horas por dia.

Eles seguiam uma dieta pouco calórica e com baixa quantidade de carboidrato – das 2.100 calorias ingeridas ao longo do dia, 850 eram de carboidrato. Mas uma parte dos voluntários ganhou um passe para comer o que quisessem – na quantidade que desejassem – duas vezes na semana. Nesses dias, o consumo energético total subia para 5.500 calorias – e os caras atacavam as fontes de carbo.

“Dois participantes me chamaram atenção: um que comeu duas pizzas grandes sozinho e outro que consumiu um pote de 1 litro de sorvete após o treino e três sanduíches de fast-food”, conta o endocrinologista Flávio Cadegiani, principal autor do estudo.

Os atletas foram acompanhados durante três meses. Os resultados surpreenderam os pesquisadores: quem adotou os “dias do lixo” perdeu gordura, ganhou músculo e melhorou o rendimento (cumpriu o treino em menos tempo). Mais: os índices de colesterol e triglicerídeos, que funcionam como estoque de gordura do corpo, se mantiveram inalterados. “Eu esperava uma piora no processo inflamatório, nas taxas de insulina, mas não aconteceu”, diz Cadegiani.

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Embora os autores não tenham investigado os mecanismos moleculares por trás disso, eles acreditam que tenha a ver com a maior disponibilidade de energia oferecida pelas fontes de carboidrato. Com mais combustível, o corpo todo desses atletas trabalhou de forma mais eficiente. “Melhorou performance, velocidade, força e execução”, explica o médico, que é doutor em endocrinologia clínica pela Escola Paulista de Medicina – Unifesp.

O próximo passo da equipe de Cadegiani é investigar se os resultados seriam os mesmos em atletas de esportes de alto rendimento, como triatlo e corrida de longa distância, e mulheres que praticam atividade física nessa mesma intensidade.

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