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Apenas um terço dos homens sempre usa camisinha

72% dos jovens do sexo masculino dizem que a contracepção é responsabilidade do casal - mas 38% não querem que a parceira pare de tomar a pílula.

Por Pâmela Carbonari Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 26 set 2017, 19h26 - Publicado em 26 set 2017, 19h10

Você já deve ter ouvido a máxima de que grandes poderes trazem grandes responsabilidades. Pois quando o assunto é sexo, esse ditado pode muito bem ser convertido em grandes prazeres exigem grandes responsabilidades. E, sem o devido cuidado, também trazem consigo grandes consequências. Um claro exemplo dessa relação causa e consequência é a estimativa da Organização Mundial da Saúde de que metade das gestações no mundo não são planejadas. Ou do levantamento do Ministério da Saúde que mostra que 40 mil novos casos de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) são detectados por ano no país. Ou ainda de que 33 milhões de gestações no mundo acontecem porque o casal não usou corretamente o método contraceptivo que escolheu. Mas, afinal, de quem é a responsabilidade de pensar na prevenção na hora H?

Muitas vezes atribuída às mulheres, a pergunta deveria ser respondida em uníssono: por todo mundo que for sexualmente ativo. No entanto, no Brasil ainda falta um pouco para chegarmos à resposta unânime: 72% dos homens entre 15 e 25 anos considera que é responsabilidade do casal e 10% acha que é obrigação feminina. Mesmo acreditando da “divisão de tarefas”, 48% dos jovens brasileiros considera o anticoncepcional oral como seu método favorito e prefere que suas parceiras tomem o medicamento, seguida do preservativo masculino (39%), e 38% disse que não apoiaria sua parceira se ela decidisse parar de tomar a pílula.

Os dados acima são resultado de um levantamento do Departamento de Ginecologia da UNIFESP, em parceria com a Bayer, realizado com dois mil homens jovens de 10 capitais brasileiras com o intuito de entender o papel de homens e mulheres no planejamento familiar e na prevenção de DST.

Uma das principais surpresas da pesquisa foi o efeito “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço” – apesar de 72% deles acreditar que a contracepção deve ser uma responsabilidade do casal e 34% dos entrevistados elencar que contrair uma DST é a coisa que mais os preocupa no sexo, a maioria não se protege. A média brasileira é que 73% dos homens jovens do Brasil já transaram sem proteção e que apenas um terço dos jovens afirma usar preservativo em todas as relações. Se olharmos os números extremos do país, a realidade é ainda mais preocupante: 94% dos entrevistados em Belém revelaram já ter feito sexo sem proteção e apenas 4% dos jovens de Porto Alegre e Curitiba transam com camisinha em todas as relações.

Fazer sexo desprotegido não é necessariamente falta de camisinha por perto, já que 60% disse que costuma carregar um preservativo consigo. Quando perguntados sobre os motivos de terem transado sem proteção, 16% respondeu que não queria cortar o clima, 11% “simplesmente esqueceu” da necessidade de proteção, 10% decidiu arriscar, 9% fez sexo desprotegido porque estava bêbado ou sob efeito de drogas e outros 9% contaram que a garota que estavam não quis ou não se importou em transar sem proteção.

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Essa atitude despreocupada com a própria saúde sexual, e com a saúde da parceira, é um dos reflexos do assunto ser um tabu. Grande parte dos pais não conseguem ter conversas francas com seus filhos e muitas vezes a escola e os profissionais de saúde falham em dialogar com os adolescentes sobre sexualidade. Não à toa que a os amigos e os sites de sexo figuram como as principais fontes de informação sobre o assunto e que 31% dos entrevistados não conversem nem com suas parceiras sobre contracepção.

“A quantidade de jovens brasileiros sexualmente ativos que já fizeram sexo desprotegido reforça a necessidade de ampliar o acesso a informações essenciais sobre sexo e contracepção. A mulher é que mais arca com as consequências de uma gravidez indesejada, e gestação não empodera ninguém, escraviza. Empoderar a mulher é usar camisinha”, afirmou Albertina Duarte Takiuti, ginecologista do Hospital das Clínicas de São Paulo, durante a divulgação da pesquisa.

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