Adotar uma dieta mediterrânea na velhice pode prolongar sua vida
Optar pelo cardápio da região pode reduzir muito o risco de morte daqueles que já passaram dos 65 anos
A dieta mediterrânea, como o nome já sugere, é aquela baseada na alimentação de países que estão na região do mar Mediterrâneo, como Itália, Grécia, Turquia e Líbia. Embora diferentes culturalmente, o clima, temperatura e solo comuns fazem essas nações possuírem costumes alimentares parecidos. A dieta se baseia em um baixo consumo de carne vermelha, gorduras de origem animal e produtos industrializados, privilegiando a ingestão de frutas, hortaliças, peixe, leite e derivados, vinho, azeite de oliva e cereais.
Só pelo cardápio já dá para ver como é saudável, certo? Mas cientistas italianos constataram em um novo estudo que os benefícios dessa dieta vão além: pessoas com 65 anos ou mais que aderem a essa hábito alimentar têm um risco de morte 25% menor que o normal.
Essa é uma porcentagem expressiva. Os benefícios dessa dieta contra a velhice já haviam sido apontados antes – um estudo de pesquisadores americanos afirma que esse cardápio pode retardar o processo de envelhecimento em 5 anos -, mas os italianos apontam que há poucas pesquisas direcionadas para as consequências da dieta quando a pessoa já é idosa.
Publicado no British Journal of Nutrition, o estudo analisou a saúde e dieta de 5.200 indivíduos com 65 anos ou mais da região de Molise, na Itália. No início do experimento, os participantes tiveram que preencher um questionário alimentar sobre sua dieta no ano anterior ao cadastro, e cada um recebeu uma pontuação sobre o quão próxima sua dieta estava da dieta mediterrânea em uma escala de 0 a 9.
Quando fatores como idade, sexo, níveis de atividade física, nível socioeconômico, tabagismo e IMC foram levados em consideração, aqueles com alta adesão à dieta (pontuação de 7 a 9 na escala) tiveram um risco 25% menor de qualquer causa de morte comparados àqueles que estavam com uma pontuação de 0 a 3 na escala. Um aumento de um ponto na adesão à dieta foi associado a uma queda de cerca de 6% no risco de morte por qualquer causa.
A equipe também analisou se componentes específicos da dieta mediterrânea estavam mais ligados a uma redução na mortalidade do que outros. Os resultados mostram que, mesmo quando alguns itens são removidos, a dieta permanece benéfica, mas que um aumento de gorduras saturadas, ou a perda de peixe, de uma quantidade moderada de álcool e de cereais parecem ter um efeito significativo na redução dos benefícios. Os resultados foram apoiados por uma análise que também incluiu outros seis estudos com foco em pessoas idosas.
Outro ponto levantado pelos cientistas é que esses resultados são boas notícias para os europeus: “Como estamos enfrentando um processo de envelhecimento em todo o mundo, especialmente na Europa, é particularmente importante ver que tipos de ferramentas temos hoje para enfrentar esse processo”, disse Marialaura Bonaccio, autora chefe da pesquisa.