Quase imortais: 21 seres vivos muito, muito, muito velhos
Tudo o que nasce deve morrer - ou deveria!
Seja pela boa genética, pela capacidade de adaptação ou por pura sorte, estes seres ou espécies bateram recorde de hora extra
(Imagem: Max Kueng)
Linhagem pré-histórica
ESPÉCIE – Camarão-girino (Triops cancriformis)
200 milhões de anos
Duas colônias desse crustáceo encontradas no Reino Unido existem desde quando os continentes ainda formavam o superbloco Pangeia. Para os cientistas da Universidade de Glasgow, na Escócia, os bichos atuais são idênticos a seus ancestrais, cujos ovos resistiram até à extinção dos dinossauros
(Imagem: J Zapell)
Bosque de um só
SER VIVO – Pando (Populus tremuloides)
80 mil anos
Dois recordes: esse conjunto de árvores da espécie álamo-trêmulo nos EUA é a forma de vida mais velha do mundo e a mais pesada, com 5 milhões de toneladas. São consideradas um único indivíduo porque, conectadas pelas raízes, têm “clonado” a si mesmas desde o período Pleistoceno. Outro segredo de sua longevidade: as raízes profundas tornam o chão mais resistente a deslizamentos e erosão
(Imagem: Karl Brodowsky)
Ciclo infinito
SER VIVO – Velho tjikko (Picea abies)
9,5 mil anos
Capaz de gerar novos indivíduos assexuadamente de forma contínua, essa colônia de pinheiros suecos é tão fenomenal que virou tema de pesquisa da Universidade de Umeå. As árvores podem morrer e nascer de novo várias vezes – mas suas raízes permanecem intactas, inclusive consumindo os próprios restos!
(Imagem: Bjorn Christian Torrissen)
Devagar e sempre
ESPÉCIE – Yareta (Azorella compacta)
3 mil anos
A planta nativa da América do Sul cresce 1,5 cm por ano. Parece pouco? Tudo bem: ela mantém esse ritmo há pelo menos 3 mil anos e hoje já se estende como um espesso tapete no Deserto do Atacama, no Chile, e nas montanhas do Peru. Resiste a altas insolações e mudanças de temperatura
(Imagem: Thomas Schoch)
Dupla identidade
ESPÉCIE – Welwitschia (Welwitschia mirabillis)
2 mil anos
O nome vem do naturalista austríaco que descobriu essa estranha planta rasteira, Frederich Welwitsch, nas dunas de Angola. Ela cresce a vida toda e possui características de duas espécies distintas: apesar de agir como um cacto, é parente próxima do pinheiro. Curiosidade: a idade de um molusco bivalve é calculada como a de uma árvore: contando os anéis de crescimento em seu interior
(Imagem: G.-U. Tolkiehn)
Economizando O2
ESPÉCIE – Ming (Arctica islandica)
507 anos
Encontrado na Islândia em outubro de 2006, esse molusco foi batizado com o nome da dinastia chinesa no poder na época de seu nascimento. Ele morreu sem querer durante uma análise, mas cientistas conseguiram concluir que seu baixo consumo de oxigênio retardou o envelhecimento
(Imagem: MrKimm)
Genética de causar inveja
ESPÉCIE – Mexilhão-pérola-de-água-doce (Margaritifera margaritifera)
Entre 210 e 205 anos
No início dos anos 90, o biólogo russo Valeriy Ziuganov ganhou notoriedade mundial ao descobrir que esse tipo de molusco não envelhecia no mesmo ritmo que outros, de espécies similares. O motivo era bem curioso: ele produz quantidades excessivas de células-tronco, que são regenerativas
(Imagem: Taollan82, Kirt L. Onthank)
Bola de espetos
ESPÉCIE – Ouriço-do-mar-vermelho (Franciscanus strongylocentrotus)
200 anos
De acordo com uma pesquisa do Departamento de Zoologia da Universidade Estadual de Oregon, nos EUA, os maiores e mais antigos indivíduos registrados dessa espécie são da Colúmbia Britânica, no Canadá. A longevidade é garantida pelo corpo totalmente revestido de espinhos afiados de até 8 cm
(Imagem: Guinness Book)
Testemunha da história
SER VIVO – Jonathan (Dipsochelys hololissa)
183 anos (no mínimo)
Jonathan é uma tartaruga-das-seychelles que detém o título de animal terrestre vivo mais antigo. Pelos relatos históricos, o réptil era jovem quando chegou à ilha de Santa Helena, no Oceano Atlântico, em 1832. Para ter uma ideia, ele quase”conheceu” Napoleão, que morreu em 1821
(Imagem: Cacophony)
Final feliz
SER VIVO – Esturjão-atlântico (Acipenser oxyrinchus oxyrinchus)
125 anos
Em abril de 2012, o Departamento de Recursos Naturais de Wisconsin, nos EUA, capturou um esturjão cuja idade foi calculada em 125 anos. Também foi um dos maiores já vistos na região, com 2 m de comprimento e 108 kg. Ele foi devolvido ao rio para continuar a sua longa jornada
(Imagem: Guinness Book)
Respeite os mais velhos!
SER VIVO – Susannah Mushatt Jones (Homo sapiens)
116 anos
Desde junho, essa senhorinha norte-americana é a pessoa mais velha do mundo, de acordo com o Grupo de Investigação Gerontológica (GRG), que identifica e registra no Guinness os casos de supercentenários. Nascida numa família pobre de lavradores, ela lutou para ir à faculdade e fundou uma instituição para garantir financiamento estudantil para jovens sem recursos
(Imagem: Ícaro Yuji / Ilustração sobre foto)
Prisioneiro perpétuo
SER VIVO – Henry (Crocodylus niloticus)
115 anos
Esse crocodilo-do-nilo sabe como aproveitar a (longa) vida: já teve seis companheiras e mais de 7 mil filhotes! Segundo tratadores da reserva Crocworld, na África do Sul, ele causava pânico em Botsuana e acabou capturado no fim do século 19 por um caçador que o sentenciou ao cativeiro como castigo
(Imagem: Guinness Book)
Conservadão
SER VIVO – Yasutaro Koide (Homo sapiens)
112 anos
Qual o segredo para viver mais de um século? Segundo esse ex-alfaiate japonês, que recebeu o título de homem mais velho do mundo em julho, “A melhor dica é não exagerar”, na comida, no trabalho, nas preocupações… Deu certo para ele: até os 110 anos, Yasutaro conseguia ler jornal sem nem precisar de óculos!
(Imagem: Arnstein Ronning)
Preservado no gelo
ESPÉCIE – Líquen (Rhizocarpon geographicum)
100 anos
Essa espécie de organismo (constituído a partir de uma alga verde e um fungo) vive (e se espalha) em qualquer habitat frio. Sua maior concentração está nas zonas montanhosas livres de poluição do Canadá e nas áreas costeiras da Sibéria e da península antártica. Cresce apenas 0,2 mm por ano, em média, e pode ultrapassar 1 século de vida
(Imagem: Dhphoto)
Presa fácil
SER VIVO – Snooty (Trichechus manatus)
66 anos
Segundo dados da Save the Manatee Club, poucos peixes-boi vivendo na natureza passam dos 30 anos (na verdade, a maioria morre antes dos 10, por causa da predação humana). Em cativeiro, Snooty mais que dobrou esse recorde. Ele nasceu em Miami em 1948
(Imagem: John Klavitter/U. S. Fish and Wildlife Service)
Programa de milhagem
SER VIVO – Wisdom (Phoebastria immutabilis)
64 anos
Peregrina experiente e mãe de mais de 30 albatrozes, essa albatroz-de-laysan é considerada a mais antiga ave selvagem do mundo. Desde que cientistas colocaram uma anilha em sua pata, em 1956, estima-se que ela já tenha voado quase 5 milhões de km (mais que seis viagens de ida e volta da Terra à Lua!)
(Imagem: Ícaro Yuji / Ilustração sobre foto)
Vítima do tráfico
SER VIVO – Presley (Cyanopsitta spixii)
40 anos
Vendido ilegalmente em uma pet shop nos EUA, Presley, o macho de ararinha-azul mais velho do mundo, morreu em julho de 2014. Devolvido ao Brasil em 2002, tornou-se um ícone da conservação da espécie e da luta contra o tráfico de animais, que todo ano captura cerca de 40 milhões de exemplares
(Imagem: Ícaro Yuji / Ilustração sobre foto)
Amigo para sempre
SER VIVO – Max (Canis lupus familiaris)
29 anos
Mistura de beagle, dachshund e terrier que viveu entre 1983 e 2013, Max detém o recorde mundial de cão mais velho da história. Com mais três meses, ele teria chegado aos 30! Hoje, o Guinness considera que nenhum cão vivo está qualificado para o título. O mais recente detentor do recorde, o terrier norte-americano Jake, morreu em 27 de julho, com 21 anos
(Imagem: George Chernilevsky)
Viúva além da conta
ESPÉCIE – Tarântula (Theraphosidae)
28 anos
Acredita-se que a aranha mais velha já encontrada seja uma caranguejeira capturada no México em 1935. Ao contrário dos machos, que normalmente morrem após o acasalamento, alcançando de 5 a 7 anos de vida, as fêmeas conseguem regenerar membros danificados
(Imagem: Guinness Book)
Voltou ao trono
SER VIVO – Corduroy (Felis silvestris catus)
25 anos
Esse gato da cidade de Sisters, nos EUA, era considerado o mais velho da espécie até 2014, quando foi provado que uma outra gata, Tiffany Two, era ainda mais antiga. Mas a “rival” morreu em maio de 2015, com 27 anos. Corduroy não deve abrir mão do posto tão cedo: segundo suas donas, ele ainda está ótimo, sadio e muito ativo
(Imagem: Guinness Book)
O que que há, velhinho?
SER VIVO – Do (Oryctolagus cuniculus)
17 anos
Híbrido das raças angorá francês e anão holandês, esse coelho-europeu de Nova Jersey, nos EUA, passou, com folga, a expectativa de vida média dos coelhos, que é entre 6 e 8 anos. Com uma dieta à base de feno e serragem de cedro, ele viveu o equivalente a 170 anos humanos
FONTES Sites G1, R7, O Estado de S. Paulo, Ibama, BBC, Guinness Book, Aquário de Miami; e revistas SUPERINTERESSANTE e NATIONAL GEOGRAPHIC
CONSULTORIA Patrícia Serafini, analista ambiental do Centro Nacional de Pesquisas e Conservação das Aves Silvestres (Cemave/ICMBio), e Milena Testoni, bióloga do Aquário de São Paulo