Quais os craques vira-casacas mais polêmicos do Brasil?
A troca de craques entre times rivais é tão antiga quanto o próprio futebol brasileiro. Em 1911, por exemplo, dez jogadores insatisfeitos no Fluminense deixaram o clube para criar o departamento de futebol do Flamengo. Já o primeiro gol da história do Palmeiras, em 1915, foi marcado por um ex-corintiano chamado Bianco Gambini. É claro […]
A troca de craques entre times rivais é tão antiga quanto o próprio futebol brasileiro. Em 1911, por exemplo, dez jogadores insatisfeitos no Fluminense deixaram o clube para criar o departamento de futebol do Flamengo. Já o primeiro gol da história do Palmeiras, em 1915, foi marcado por um ex-corintiano chamado Bianco Gambini.
É claro que torcedores e cartolas sempre olharam feio para essas “traições”. No Rio Grande do Sul, o tabu era tão grande que a primeira troca direta de um jogador entre o Grêmio e o Internacional só aconteceu em 1989, quando o meia Bonamigo saiu do Olímpico e foi defender o Colorado sem passar por nenhum outro time antes.
Hoje tais transferências são encaradas como algo mais normal. Porém, para esquentar um pouco essa saudável rivalidade, reunimos aqui seis craques em atividade no Brasil e que já jogaram por clubes arquiinimigos. É hora de comparar como eles se saíram defendendo cada equipe e descobrir as torcidas que tiraram mais proveito de tanto troca-troca polêmico.
Na livraria:
Corinthians x Palmeiras Uma História de Rivalidade – Antônio Carlos Napoleão, Mauad, 2001
A História dos Grenais – David Coimbra, Nico Noronha e Mário Marcos de Souza, Artes e Ofícios, 1996
Revelado pelo Vasco em 1985, o “Baixinho” passou alguns anos na Europa e voltou ao Brasil logo para o arqui-rival dos vascaínos, o Flamengo. Em 2002, virou a casaca novamente, indo para o Fluminense. Tanta mudança de time deixou alguns revoltados pelo caminho. “O Romário desrespeitou o clube que o projetou e isso quebrou o encanto”, diz o torcedor Marcelo Granzotto, da Força Jovem, principal torcida organizada vascaína. Já os flamenguistas aceitaram melhor o troca-troca e gostam de provocar os rivais lembrando as declarações de amor que Romário já deu pelo rubro-negro: “Apesar de começar no Vasco, o Romário é Flamengo. Ele saiu do clube duas vezes, mas sempre quis voltar”, diz José Carlos Peruano, presidente da Associação das Torcidas Organizadas do Flamengo (Atorfla). A paixão maior pode até ter sido pelo Flamengo, mas o desempenho em campo…
Um grande Baixinho no Vasco
Mais gols e mais títulos: ele foi melhor jogando no clube que o revelou
FLAMENGO
Período – 1995-1996 e 1997-1999
Jogos* – 240
Gols* – 204
Títulos – Campeonato Carioca (96 e 99) e Copa Mercosul (99)
VASCO
Período – 1985-1988 e 1999-2002
Jogos* – 331
Gols* – 252
Títulos – Campeonato Brasileiro (2000), Campeonato Carioca (87 e 88) e Copa Mercosul (2000)
FLUMINENSE
Período – desde 2002
Jogos* – 74
Gols* – 47
Títulos – Campeonato Carioca (2002)
DO VASCO PARA O FLAMENGO…
Almir, atacante, anos 60
Edmundo, atacante, anos 90
Felipe, meia, anos 2000
…E DO FLAMENGO PARA O VASCO
Bebeto, atacante, anos 80
Petkovic, meia, anos 90
Jorginho, lateral-direito, anos 2000
* OBS. Todos os dados de gols e jogos foram atualizados até o dia 30/9/2004
Apelidado de “Capetinha”, Edílson infernizou os adversários do Palmeiras durante três temporadas, de 1993 a 1995. Chegou inclusive a ganhar três títulos em cima do rival Corinthians (Paulista-93, Rio-São Paulo-93 e Brasileiro-94). Em 1997, porém, após um período no exterior, resolveu mudar de lado e passou a defender as cores preta e branca dos corintianos. No começo, foi visto com desconfiança pelos ex-rivais, mas após ganhar uma porção de títulos inclusive o polêmico Mundial da Fifa e ainda provocar os palmeirenses ao fazer “embaixadinhas” na final do Campeonato Paulista de 99, caiu de vez nas graças dos corintianos. Por isso, o hoje jogador do Vitória é lembrado com muito mais alegria pela “Fiel” que pelos palmeirenses.
“Capetinha” preto e branco
Com “embaixadinhas” e Mundial, ele fez os corintianos mais felizes
PALMEIRAS
Período – 1993-1995
Jogos* – 151
Gols* – 58
Títulos – Campeonato Brasileiro (93 e 94), Paulista (93 e 94) e Rio-São Paulo (93)
CORINTHIANS
Período – 1997-2000
Jogos* – 162
Gols* – 53
Títulos – Mundial da Fifa (2000), Campeonato Brasileiro (98 e 99) e Paulista (99)
DO PALMEIRAS PARA O CORINTHIANS…
Leão, goleiro, anos 80
Jorginho, meia, anos 80
Neto, meia, anos 80 e 90
Edmundo, atacante, anos 90
Luizão, atacante, anos 90
Rogério, volante, anos 2000
…E DO CORINTHIANS PARA O PALMEIRAS
Dida, lateral-esquerdo, anos 80
Édson, lateral-direito, anos 80
Ribamar, meia, anos 80
Carlos, goleiro, anos 90
Rivaldo, meia, anos 90
Viola, atacante, anos 90
Terceiro maior artilheiro do Atlético-MG atrás de Reinaldo e Dario , Guilherme surpreendeu a torcida do Galo ao se transferir para o Cruzeiro este ano após uma temporada na Arábia Saudita. Pior: logo no primeiro clássico entre os times, marcou dois gols… “A passagem pela Arábia aliviou um pouco a transferência para o Cruzeiro. Nos primeiros dias, foi complicado, mas o torcedor do Atlético ainda me respeita e o cruzeirense deixou de me hostilizar”, diz Guilherme, garantindo que pelas ruas de Belo Horizonte ouve muito mais pedidos de autógrafos que gritos de “traidor” ou mercenário. Talvez porque os atleticanos saibam que o Guilherme dos tempos do Galo é praticamente imbatível no número de gols marcados.
Galo na cabeça
Guilherme é “só” o terceiro maior artilheiro do Atlético. No Cruzeiro…
ATLÉTICO-MG
Período – 1999-2002 e 2003
Jogos* – 205
Gols* – 139
Títulos – Campeonato Mineiro (99 e 2000)
CRUZEIRO
Período – desde 2004
Jogos* – 36
Gols* – 14
Títulos – Campeonato Mineiro (2004)
DO ATLÉTICO-MG PARA O CRUZEIRO…
Reinaldo, atacante, anos 80
Luisinho, zagueiro, anos 90
Éder, atacante, anos 90
Toninho Cerezo, volante, anos 90
…E DO CRUZEIRO PARA O ATLÉTICO-MG
Palhinha, atacante, anos 70
Nelinho, lateral-direito, anos 80
Alex Alves, atacante, anos 2000
Fábio Júnior, atacante, anos 2000
De tão adorado pela torcida, ele foi chamado de “Jesus Christian”quando defendeu o Inter, nos anos 90. Em 2003 aconteceu a virada: Christian foi para o Grêmio, que na época lutava contra o rebaixamento no Campeonato Brasileiro. Faltando dez rodadas para o torneio acabar, o Grêmio, último colocado, enfrentou o Inter. Christian fez o gol da vitória que deu início à reação gremista que nas rodadas seguintes livraria o time da segunda divisão. “Ali eu consegui acabar com toda a desconfiança dos torcedores mais críticos. Aqui no Sul é muito difícil vestir a camisa dos dois rivais”, diz o atacante, que continua com o faro de gol afiado. Mesmo com o time do Grêmio não ajudando muito nas duas últimas temporadas…
Goleador lá e cá
Tanto no Inter como no Grêmio Christian fez perto de 1 gol a cada dois jogos
INTERNACIONAL
Período – 1989-1992 e 1996-1999
Jogos* – 168
Gols* – 94
Títulos – Campeonato Gaúcho (91, 92 e 97)
GRÊMIO
Período – Desde 2003
Jogos* – 78
Gols* – 37
Títulos –
DO INTER PARA O GRÊMIO…
Manga, goleiro, anos 70
Batista, volante, anos 80
Mário Sérgio, meia, anos 80
Kita, atacante, anos 80
Mauro Galvão, zagueiro, anos 90
Fábio Pinto, atacante, anos 2000
…E DO GRÊMIO PARA O INTER
Russinho, atacante, anos 30 e 40
Geraldão, atacante, anos 80
Bonamigo, volante, anos 80
Arílson, meia, anos 90
Almir, atacante, anos 90
Carlos Miguel, meia, anos 2000
Somente cinco jogadores já atuaram pelos quatro grandes clubes de São Paulo Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo. O zagueiro Antônio Carlos, hoje no Santos, é um deles. “Felizmente, por onde passei, deixei boas lembranças. Acho que não há rancor de parte alguma”, diz o jogador. Antônio Carlos foi mesmo vitorioso nos três primeiros clubes que passou, mas concentrou suas principais faixas de campeão no São Paulo e no Palmeiras. Como estamos falando de um zagueiro, os gols que ele marcou não importam tanto. O melhor quesito para avaliar seu desempenho como “vira-casaca” são os títulos conquistados. Dá quase um empate técnico entre o Antônio Carlos tricolor e o alviverde, mas uma taça internacional desempata essa disputa.
Taça que desequilibra
No Palmeiras, Antônio Carlos até ganhou mais títulos; mas só no São Paulo faturou uma Libertadores
SÃO PAULO
Período – 1987-1992
Títulos – Copa Libertadores (92), Campeonato Brasileiro (91), Campeonato Paulista (89 e 91)
PALMEIRAS
Período – 1993-1995
Títulos – Campeonato Brasileiro (93 e 94), Campeonato Paulista (93 e 94) e Torneio Rio-São Paulo (93)
CORINTHIANS
Período – 1997
Títulos – Campeonato Paulista (97)
SANTOS
Período – desde 2004
Títulos –
OUTROS QUE JOGARAM NOS QUATRO GRANDES DE SÃO PAULO
Cláudio Pinho, atacante, anos 60
Neto, meia, anos 90
César Sampaio, volante, anos 2000
Müller, atacante, anos 2000
Quando chegou ao Atlético-PR, em 1998, o centroavante Tuta ajudou o clube a sair do jejum de oito anos sem títulos estaduais e de quebra ainda foi o artilheiro do Campeonato Paranaense com 19 gols. No mesmo ano, porém, ele foi vendido para o futebol italiano. Depois, rodou por vários times antes de voltar ao Paraná para jogar pelo rival Coritiba. Em cinco jogos pelo “Coxa”, fez seis gols e levou o time ao título estadual de 2004. Na decisão, justo contra o Atlético, fez dois gols contra o ex-clube. “Marquei os gols, dei o título ao Coritiba e ainda mandei a torcida atleticana, que me provocou o jogo todo, se calar”, diz Tuta. O problema é que o gesto custou caro: ele ficou com a fama de traidor no Paraná. Menos mal que, com a bola nos pés, não tem decepcionado no Coritiba.
Vitória coxa-branca
Tuta foi campeão paranaense pelos dois times, mas tem maior média de gols no Coritiba
ATLÉTICO-PR
Período – 1998
Jogos* – 68
Gols* – 25
Títulos – Campeonato Paranaense (98)
CORITIBA
Período – desde 2004
Jogos* – 37
Gols* – 18
Títulos – Campeonato Paranaense (2004)
DO ATLÉTICO-PR PARA O CORITIBA…
Zé Roberto, atacante, anos 70
Rafael, goleiro, anos 80
Edinho Baiano, zagueiro, anos 90
…E DO CORITIBA PARA O ATLÉTICO-PR
Sandoval, meia, anos 90
Almir, atacante, anos 90
Marcão, lateral-esquerdo, anos 2000