Quando as primeiras espécies de dinossauro foram finalmente descobertas, em meados do século 19, os cientistas repararam que o formato dos ossos era semelhante ao dos répteis modernos. Logo concluíram que, se o esqueleto era igual, o metabolismo também deveria ser. Os cientistas assumiram então que os dinossauros, assim como os lagartos e as cobras de hoje, teriam sangue frio, ou seja, dependeriam do calor do sol para se aquecerem até a temperatura em que as reações químicas no corpo ocorrem de forma ideal.
Mais de 100 anos depois, na década de 1970, surgiram as primeiras teorias questionando se os dinossauros eram mesmo seres parecidos com grandes répteis. Para começar, cobras, lagartos e jacarés são animais pequenos. Bichos maiores, como elefantes, hipopótamos e girafas, são todos mamíferos, pois, para movimentar toneladas de peso, é necessário um organismo forte e sempre disposto a fazer exercícios. Isso não ocorre com os animais de sangue frio, que precisam apenas de longos banhos de sol para acelerar seu metabolismo. Se um corpo com muitas toneladas fosse usar esse mesmo método para se esquentar, precisaria de um número absurdo de horas de sol. Com base nessas evidências, começou-se a imaginar que os dinossauros teriam sangue quente, ou seja, manteriam a temperatura sempre constante e gerariam calor com a atividade das próprias células, assim como os mamíferos e as aves de hoje.
A idéia ganhou força com a descoberta de grande número de dinossauros com penas – hoje, uma característica típica das aves. Para completar, em 1993, foi achado um fóssil nos Estados Unidos que parece ser um coração de dinossauro petrificado, apesar de ainda haver divergências sobre isso. Se for mesmo um coração, ele teria um formato parecido ao desse órgão nos mamíferos, contando com quatro cavidades – os corações dos répteis têm apenas três.
Para resolver esse impasse, alguns cientistas lançaram a idéia de que os dinos teriam sangue quente mesmo sem produzir o próprio calor. Mas o tema ainda é polêmico. “O mais provável é que eles tivessem alguma maneira de manter a temperatura, mas de uma forma diferente de todos os animais que existem hoje”, diz o paleontólogo Reinaldo Bertini, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Rio Claro (SP). Enquanto não surgem novas evidências, ainda não dá para pôr um ponto final nessa história.