São estátuas em forma de pássaros monstruosos. “Podem ser vistas no alto de prédios góticos, em geral igrejas e catedrais, e eram esculpidas de maneira a disfarçar os canos por onde escoava água de chuva dos telhados”, diz o arquiteto Dárcio Ottoni, da USP. Suas figuras grotescas e demoníacas seguem o estilo gótico medieval, que usava e abusava de esculturas nas construções de maneira teatral, como que contando histórias. E as gárgulas, em alguma medida, inspiram os pesadelos humanos – frente a frente, é quase impossível não imaginá-las em súbito movimento, abandonando a vigia para aterrorizar no escuro da noite. Essa estranheza colaborou para que as pessoas passassem a acreditar que as gárgulas serviam também para afastar os maus espíritos, idéia que se consagrou e é recitada pelos guias de turismo em toda a Europa.
Mas você não precisa ir até lá para ver algumas das gárgulas mais famosas. Antigos filmes e desenhos de terror, assim como praticamente todos os que mostram a catedral de Notre Dame, em Paris, costumam dar destaque a essas criaturas. É comum, no entanto, gárgulas serem confundidas com quimeras, igualmente assustadoras, mas que, de pássaro, não têm nada: a cabeça é de leão, o corpo é de bode e o traseiro é de dragão.